Miguel é meu 13º sobrinho-neto. Nasceu e vive em Caxias, com seus pais. Semana passada fui até lá para curtir um final de semana na Serra e, na segunda, retornar com minha sobrinha e o moço de, agora, três meses. Fiz um intensivo de como cuidar de um recém nascido, com direito a arrotar, depois da mamada; ter minhas camisetas batizadas pelo vômito do que foi descartado e... a candura de fazer dormir aquele pequeno ser que, aconchegado em meus braços, pedia apenas que o cuidasse.
Vendo minha sobrinha Daniele lembrei da imagem veiculada por redes sociais pela jornalista Maíra, também mãe recente: olhos fundos, quase bêbadas de cansaço, mas com uma luz fulgurante de encantamento: ser mãe mistura momentos difíceis com ternura e faz da vida uma dedicação exclusiva ao pequeno que, num futuro, nem vai lembrar o que os pais passaram. Mas não importa, os pais lembrarão o que fizeram por seus filhos. E isto vai ser suficiente para saber que valeu a pena cada um dos sacrifícios!
Fui um tio reserva. Passei muito tempo com ele no colo. Conversamos - com o Miguel, é lógico. Passeamos pela cidade. E fiz dormir, de barriguinha contra meu braço, que era o jeito de aliviar as cólicas. Depois da segunda vez que isto aconteceu, passei a ser chamado de "tio camomila"! Quando diziam que estavam abusando do meu tempo de descanso (aposentado também descansa), parodiei a famosa frase: "não basta ser tio (o original é pai), tem que participar".
Juntando tudo, fiquei pensando como é bom chegar aos 61 anos e continuar aprendendo. A respeito de solidariedade, aprendi muito na teoria. Mas a vida tinha caminhos muito estranhos para que eu aprendesse na prática: grande parte dos conceitos precisaram ser revisto quando, para além das palavras, o importante é alcançar uma medicação no horário certo, não enrolar o estômago quando se ajuda a trocar uma fralda pela manhã, baixar a voz quando a vontade é gritar; saber que cuidar não é apenas o tempo de uma visita, mas o quanto se gasta para conviver com alguém; respirar fundo para melhorar o autocontrole, quando a situação está em risco.
A criança precisa sentir que aquele momento é dela, podendo sorrir ou chorar, balbuciar ou arrotar, jogar as mãos em todas as direções ou apenas gemer no sono dos justos. Nesta escola somos educadores e educandos, aprendendo com as mães: depois da maternidade, não é o melhor momento para pedir que participem de concurso de maquiagem. Mas, se o quesito for capacidade de superação, olheiras fundas, jeito cansado, fora de peso não são fatores de menosprezo: todas elas transformam-se em leoas para ver o seu filho feliz!
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