De Marcos Piangers
Os tempos são, cada vez mais, individualistas e mesquinhos e, vocês sabem, é sempre muito difícil discutir com pessoas individualistas e mesquinhas. Perguntam “Qual a utilidade de um filho?”, como se uma criança fosse um eletrodoméstico, ou um novo modelo de celular. Como se um filho pudesse lhes economizar algum dinheiro ou lhes deixar alguns centímetros mais alto. Você não encontrará este tipo de utilidade em um filho.
Pelo contrário: um filho vai esgotar suas economias e minguar suas noites de sono. Vai sujar suas camisas novas e desenhar em suas paredes. Você não vai ter um filho para obter vantagens, descontos, deduções do imposto de renda ou balões de graça sempre que for ao shopping. Você vai ter um filho para aprender a amar outra pessoa mais do que você mesmo.
Esta é a utilidade secreta de um filho: ele nos torna imediatamente pessoas melhores. Nos preocupamos em ser mais educados com as outras pessoas, em dar o exemplo. Nos esforçamos para preservar o meio ambiente, para que o mundo continue sendo um lugar agradável pra ele.
Você passa a separar o lixo, dizer “com licença”, parar no sinal amarelo. Você passa a se preocupar com bullying, com piadas preconceituosas, com alimentação industrializada. Você devolve o troco errado, recolhe o lixo que outra pessoa jogou no chão. Você se torna uma pessoa melhor. Para que seu filho seja melhor que você. Melhor que seus pais. Melhor que seus avós. Para que o mundo dele seja melhor do que o seu mundo.
Os tempos são, cada vez mais, individualistas e mesquinhos. Contra eles, amor e abnegação. Ter um coração mole em um mundo cruel não é sinal de fraqueza, é sinal de coragem.
Vai que a moda pega.
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