Pensei que já era tarde,
Quando aprendi que não
Adiantava reclamar da vida.
Cada problema que acumulei
Tinha a origem e destino em mim mesmo.
Aceitar não é sinônimo de me acomodar
Ou amargurar desilusões.
Ao me dar conta,
Já estava no alvorecer da derradeira idade.
Falou mais alto a minha incompletude
E o sentimento de que estava sozinho,
Sem significar solidão.
Fazer-me companhia
É valorizar pequenos detalhes
Nos quais não prestei atenção
Nas demais etapas da vida.
Um tempo especial para
Reencontrar comigo mesmo:
Caminhar sem destino e sem relógio;
Aproveitar cantinhos da casa;
Ouvir músicas e rememorar outros tempos;
Dormitar abraçado ao ursinho de pelúcia,
Enquanto a televisão tenta atrair a atenção;
Uma leitura sem compromisso
Ou apenas divagar e sorrir enquanto ando pela rua...
Quero a paz do meu silêncio.
O tempo de envelhecer chegou com
Uma imagem diferente entre o que idealizei
E o que virou realidade.
Não faz mal.
Recebi as oportunidades certas
Para viver intensamente
Os ternos anos da minha velhice…
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