sexta-feira, 7 de junho de 2024

O baú das minhas lembranças

Preciso de um tempo para sentar ao lado

Do lugar onde guardo minhas lembranças.

Preciso de coragem para desvelar

Sabendo que não voltam;

Preciso lembrar do carinho que tive

Por muitos e doces momentos

E a sensação de que as dores

Fazem parte do aprendizado,

A fim de não perder o rumo na estrada...

 

Só então, levantar a tampa

Do baú das minhas recordações.

Soprar a poeira dos anos, com

A sensação dolorida de quando,

Uma a uma, as camadas revelam

Momentos marcantes,

Embebidos no bálsamo

Ou envoltos pelo fel.

 

Lá, bem no fundo,

Nas memórias distantes,

estão os brinquedos da tenra infância.

Em seguida,

Os cadernos e livros escolares,

Amarelecidos e com marcas dos dedos.

Bilhetes da juventude, preenchidos por

Suspiros, aspirações e anseios.

A maturidade, quando a prioridade é 

Viver a jornada dos filhos.

Enfim, convivendo com as ausências,

A busca por um sentido dos anos na velhice...

 

Tenho as mãos e o rosto manchados

Pelas marcas inclementes do tempo.

No baú não ficou nada

Que pudesse corrigir os meus erros,

Sequer repetir os momentos de felicidade.

Ainda procuro, em todas as épocas,

O lugar onde guardei as minhas afetividades.

 

O que já não controlo, 

É o que aflora, do nada, 

Nos caprichos da memória.

Preencho meus dias exorcizando feridas, 

Pois a mágoa me tornou incapaz 

De guardar todos os sorrisos.

Restaram as lembranças, que, 

De um jeito travesso, 

A vida esculpiu em meu corpo.

O sentimento de que 

Um anjo criança ainda teima 

Em brincar com as minhas saudades…

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