Preciso de um tempo para sentar ao lado
Do lugar onde guardo minhas lembranças.
Preciso de coragem para desvelar,
Sabendo que não voltam;
Preciso lembrar do carinho que tive
Por muitos e doces momentos
E a sensação de que as dores
Fazem parte do aprendizado,
A fim de não perder o rumo na estrada...
Só então, levantar a tampa
Do baú das minhas recordações.
Soprar a poeira dos anos, com
A sensação dolorida de quando,
Uma a uma, as camadas revelam
Momentos marcantes,
Embebidos no bálsamo
Ou envoltos pelo fel.
Lá, bem no fundo,
Nas memórias distantes,
estão os brinquedos da tenra infância.
Em seguida,
Os cadernos e livros escolares,
Amarelecidos e com marcas dos dedos.
Bilhetes da juventude, preenchidos por
Suspiros, aspirações e anseios.
A maturidade, quando a prioridade é
Viver a jornada dos filhos.
Enfim, convivendo com as ausências,
A busca por um sentido dos anos na velhice...
Tenho as mãos e o rosto manchados
Pelas marcas inclementes do tempo.
No baú não ficou nada
Que pudesse corrigir os meus erros,
Sequer repetir os momentos de felicidade.
Ainda procuro, em todas as épocas,
O lugar onde guardei as minhas afetividades.
O que já não controlo,
É o que aflora, do nada,
Nos caprichos da memória.
Preencho meus dias exorcizando feridas,
Pois a mágoa me tornou incapaz
De guardar todos os sorrisos.
Restaram as lembranças, que,
De um jeito travesso,
A vida esculpiu em meu corpo.
O sentimento de que
Um anjo criança ainda teima
Em brincar com as minhas saudades…
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