Eu ouço vozes.
Não te preocupes,
Elas não me atormentam.
Tenho as que falam no presente
E as que emergem do passado.
A sensação de ouvi-las ou lembrá-las
Tem o sabor do que
Foi doce e sacia o paladar.
Do passado, ressoa a confusão,
Na algazarra de gritos infantis.
O falar apressado
Suplicando que alguém ouça,
No sentimento de urgência
Em busca por parcerias de vida.
O desejo de equilíbrio e serenidade
Na expectativa por uma família.
Vozes que, por sentimento da memória,
Retornam à vida.
A leveza do tempo em que
A idade torna tudo mais devagar,
Assegurando que muitas delas
Nos alcançam da Eternidade.
Já esqueci do traçado de muitos rostos,
Mas, nunca, de uma voz.
Hoje, nem o vento e sequer a brisa
Assopram os timbres de quem amei.
São sussurrados nos recônditos
Em que se abrigam as minhas lembranças.
Vozes que ressoam pela memória e
Ludibriam os sentidos.
Tornam-se preciosas
E se transformam nas minhas verdades.
Quando as almas silenciam os sons,
Transbordam os sentidos:
Abraçam a finitude do tempo
E dão à vida um gosto de muitos sonhos…
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