domingo, 23 de junho de 2024

Com o gosto de muitos sonhos…

Eu ouço vozes.

Não te preocupes,

Elas não me atormentam.

Tenho as que falam no presente

E as que emergem do passado.

A sensação de ouvi-las ou lembrá-las

Tem o sabor do que 

Foi doce e sacia o paladar.

 

Do passado, ressoa a confusão,

Na algazarra de gritos infantis.

O falar apressado 

Suplicando que alguém ouça,

No sentimento de urgência

Em busca por parcerias de vida.

O desejo de equilíbrio e serenidade

Na expectativa por uma família.

 



Vozes que, por sentimento da memória, 

Retornam à vida.

A leveza do tempo em que

A idade torna tudo mais devagar,

Assegurando que muitas delas

Nos alcançam da Eternidade.

 

Já esqueci do traçado de muitos rostos,

Mas, nunca, de uma voz.

Hoje, nem o vento e sequer a brisa

Assopram os timbres de quem amei.

São sussurrados nos recônditos

Em que se abrigam as minhas lembranças.

 

Vozes que ressoam pela memória e

Ludibriam os sentidos.

Tornam-se preciosas

E se transformam nas minhas verdades.

Quando as almas silenciam os sons,

Transbordam os sentidos: 

Abraçam a finitude do tempo 

E dão à vida um gosto de muitos sonhos…

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