domingo, 9 de junho de 2024

Por que os sinos não dobram mais?

Já marcaram as horas,

Fizeram o chamado 

para momentos sagrados, 

Alertaram para reunir as pessoas,

Sonaram agitados para a festa,

Dobraram angustiados no registro da morte

Ou, apenas, tiquetaquearam a vida...


Nas noites em que 

A insônia faz companhia,

Ao ouvir até tarde da noite

E no início da madrugada

O barulho contínuo do trânsito da cidade,

Perambulo pelas memórias em busca

Do tempo em que 

O silêncio embalava meus sonhos,

Na dolência da vida que não tinha pressa.


No meio da manhã de domingo, 

Cortado pelo

"badalar harmônico de sinos 

chamando para a prédica da manhã"*,

Vou ao encontro 

Da procissão daqueles que tomam o rumo

Dos templos.

Acreditam que 

O repicar é o chamado do Eterno

Para um momento de prosa,

Na roda em que o olhar não tem 

Pressa em se saciar da infinitude!


Por que os sinos não dobram mais?

A morte dos sinos e a morte da poesia.

Ambos ressoam

Pelas ruas, prados e vales,

Quem sabe fazendo eco nos prédios que 

estão mais perto da abóbada celeste…

E, mesmo assim, precisam da crença 

Do homem que, sem o Divino e os sentimentos, 

Perde o direito de sonhar com o rumo dos céus!



(*Não resisti em registrar a frase do amigo, escritor e inspirador Rogério Xavier)

Nenhum comentário: