sexta-feira, 5 de julho de 2024

No redemoinho de um sofrimento

Da tua jovialidade,

Restou um olhar perdido 

Em algum lugar inalcançável.

Descobriste que há momentos em que fica 

Difícil lidar com a dor,

Quanto mais ajudar a carregar a dor alheia.


Tinhas um desejo quase impossível de ser alcançado:

Deixa de amar alguém…

Amar é um rio poderoso 

Que traça seu percurso em silêncio,

Sabendo que nas profundezas

O sofrimento cabe num mundo de interrogações.

Ele se torna mais difícil, parecendo sem sentido,

Quando não se consegue 

Conviver com a sua existência.


Não se superam as ausências sentidas

Pelo mero esforço e desejo,

Porque se encravam 

No lado mais vulnerável do coração. 

Dói até quando se arfa ou se suspira.

Não desistir é abrir espaços onde 

Se acomodam ressentimentos e amarguras.

Nos solavancos da jornada podem contaminar

Os sentimentos mais puros que ainda restaram. 


É quando parece que 

Os sonhos existem não para serem realizados,

Quem sabe, para proteger de nós mesmos.

Pois, mesmo quando 

Somente resta uma labareda arrependida,

É possível rezar por uma chama de esperança. 


A dor impede que se encontre 

A felicidade na mudança.

O que prende à rotina são 

Os pesos que toldam a visão do horizonte.

Perde-se a capacidade de se surpreender 

Diante das possibilidades do que foram os sonhos.


No redemoinho de um sofrimento é 

Onde repousa o que restou da tua coragem.

Solidário, 

aconcheguei-me no teu abraço.

Mesmo que reste apenas um sorriso torto,

Ali encontro resquícios de um coração debilitado,

Que, mesmo assim, não foi vencido.

Alquebrado, mantém a altivez de quem

Não aceita apenas a resignação.


A dor não faz escola,

É um aprendizado que deixa marcas na pele.

Os sinais que não precisam se transformar em derrota,

Porém, tornam o corpo perfeito para entender que 

Cicatrizes curadas ainda podem causar a dor.

E, mesmo assim, capazes de

Auxiliar a superar os próprios medos!

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