Viver é peregrinar.
No dilema de engatinhar ao amanhecer;
Sobre as próprias pernas, ao meio-dia;
Com uma bengala no ocaso da existência.
Então, quando puderes,
Apressa o passo, mas não corre.
Aproveita o que a paisagem oferece.
Degusta os detalhes preciosos que
Se valoriza quando viram lembranças...
Esquece o resto,
Para andar mais lentamente no entardecer.
Depois que se passa,
A estrada continua a mesma.
Porém, cada um muda conforme a viu,
Sentiu e entendeu
As marcas que ela deixa.
Mesmo que restem apenas tuas pegadas,
Fazem parte do universo de todos os andarilhos.
Olha para a frente.
A única coisa que importa é não desistir.
No sonho de uma alameda de cerejeiras,
Quando a chuva de flores
Deixa rastros pelo caminho.
Ou, na estrada, em que um túnel de acácia
Asperge com perfume
Os peregrinos de todas as matizes.
Não existem caminhos proibidos.
As dificuldades
Dão a noção da capacidade de cada um.
Nos momentos mais difíceis,
Numa estrada enlameada ou esburacada,
Onde as pedras e os solavancos
Tornam mais difícil dar um passo após o outro.
Mesmo assim, sem desistir, sem se entregar,
Mantendo a cabeça erguida
E o olhar no horizonte.
Andar, andar e, enquanto puder, ainda andar.
Na serenidade do tempo que enruga a face
E ameniza traços que tornam
Marcantes o riso e o sorriso.
Sem pressa,
O calendário e o relógio
Tornam-se preciosos aliados.
A melancolia já não traz a dor,
Cada passo tem
A ternura de quem espera alguém,
Compartilha um olhar de carinho,
Na eterna busca
Do sentido em não desistir…
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