sexta-feira, 14 de junho de 2024

Quando a estrada vira lembrança

Viver é peregrinar. 

No dilema de engatinhar ao amanhecer;

Sobre as próprias pernas, ao meio-dia;

Com uma bengala no ocaso da existência.

Então, quando puderes, 

Apressa o passo, mas não corre.

Aproveita o que a paisagem oferece.

Degusta os detalhes preciosos que

Se valoriza quando viram lembranças...

 

Esquece o resto,

Para andar mais lentamente no entardecer.

Depois que se passa,

A estrada continua a mesma.

Porém, cada um muda conforme a viu,

Sentiu e entendeu

As marcas que ela deixa.

Mesmo que restem apenas tuas pegadas,

Fazem parte do universo de todos os andarilhos.

 

Olha para a frente.

A única coisa que importa é não desistir.

No sonho de uma alameda de cerejeiras,

Quando a chuva de flores

Deixa rastros pelo caminho.

Ou, na estrada, em que um túnel de acácia

Asperge com perfume

Os peregrinos de todas as matizes.

 

Não existem caminhos proibidos.

As dificuldades

Dão a noção da capacidade de cada um.

Nos momentos mais difíceis,

Numa estrada enlameada ou esburacada,

Onde as pedras e os solavancos

Tornam mais difícil dar um passo após o outro.

Mesmo assim, sem desistir, sem se entregar,

Mantendo a cabeça erguida

E o olhar no horizonte.

 

Andar, andar e, enquanto puder, ainda andar.

Na serenidade do tempo que enruga a face

E ameniza traços que tornam

Marcantes o riso e o sorriso.

Sem pressa,

O calendário e o relógio 

Tornam-se preciosos aliados.

A melancolia já não traz a dor,

Cada passo tem 

A ternura de quem espera alguém,

Compartilha um olhar de carinho,

Na eterna busca 

Do sentido em não desistir…

Nenhum comentário: