Na soleira da tua porta,
Sentiste a dor de não saber a quem
recorrer.
Tinhas horizontes devastados
E o medo de pedir por um pouco de
solidariedade.
Fizeste a peregrinação de quem
Deixou a casa
Pelas águas turvas e mal cheirosas.
Não há mais leito na rua,
Segues com aqueles que
Abandonaram o pouco que tinham,
Na luta desesperada pela vida.
Foram mãos de anjos
Que te levaram a um lugar seguro.
Anestesiado pelo sofrimento,
Precisas encontrar sentido em não
desistir.
Pouco te restou do que era material
E o que chamam de dignidade
É um luxo que a sociedade não te
alcançou.
Balbucias uma prece para não perder
a fé.
Onde pisaram os teus pés?
Quando olhas para tuas mão e
Sentes o teu corpo cansado,
És a imagem viva da angústia de
Não saber por onde andaram.
Foram os momentos em que,
Ao levantar os braços para fora da
correnteza,
Sentiste que outros,
Iguais aos teus, também se erguiam.
Não desistir, continuar andando,
Tentando manter
Uma réstia do que seja a esperança.
É preciso continuar olhando para os
céus,
Rezando pelo Sol, que insiste em
não voltar...
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