sexta-feira, 17 de maio de 2024

Na doçura do teu perfume

Não foram tuas palavras,

Mas teus olhos a derramarem 

A intensidade da tua desesperança.

Murchaste acreditando nas tuas falhas

Como brechas que,

Embora todos os teus esforços,

Não alcançavas a forma de consertar.

 

Quando acreditaste estar sozinho,


Eras uma flor se despetalando,

Sem perder a essência

De continuar exalando a tua natureza.

Mesmo quando tuas pétalas ressecaram,

Ainda guardaste o odor que permanece

Como um gesto de carinho

Bailando no ar entre seres que se amam...

 

Não precisas ter medo das tuas falhas.

Com elas permites à luz chegar

Aos calabouços dos teus sentimentos.

As rachaduras que o tempo e as decepções

Deixaram como marcas em teu corpo

Não pedem apenas por cura,

Mas respeito às marcas

Entranhadas em tua pele e em tua alma.

 

Elas se formaram em torno dos teus olhos,

Marcaram tuas mãos,

Fizeram dobras e sinais por teu corpo.

Ao te olhar no espelho,

Tua imaginação percorre outros tempos

E ganha contornos idealizados.

 

Não é a tua fantasia,

Mas a realidade imaginada.

Aquela em que se convive

Com o outro aprisionado,

Mas ainda se sonha

Em manter o viço possível.

Pelo olhar, encontra-se a vida

Ainda palpitando e se negando à finitude...

 

Continuas rescendendo ao mesmo aroma,

Que já não pode ser abafado,

Assim como deixaste um rastro

De sentimentos e energias positivas

Pelos lugares por onde passaste.

A doçura do teu perfume

É mais do que uma fragrância,

É um misto de beber a saudade,

Que ainda exala

O gosto de sonhos e devaneios!

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