Eu não te esqueci.
Embora continue acreditando
Que muitas vezes
Não lembrar pode ser uma bênção.
A dor mascarada
Pelo silêncio e pela ausência é
O inferno das lembranças
Que causaram mágoa e
Insistem em retornar.
Lembranças são pequenos fragmentos.
Precisam de tempo para se formar
E, então,
Podem ser uma promessa de proteção
Ou castigo de Deus.
Estás certo,
As reminiscências não te abandonam
Depois que se fixam nos recônditos
da memória.
Quando se pensa em abandoná-las
Cobram um preço por
Manter alguma forma de sanidade.
Ficar preso às recordações
Aumenta a dor que se estampa
Na profundeza de um olhar,
Onde a melancolia turva as emoções
Num mar revolto por dúvidas e
frustrações.
Só depois de dizer adeus
É que se sente o quanto pesa a
solidão.
O sentimento do silêncio quase eterno,
Do abandono,
Que pesa sobre os ombros e alcança
a alma.
Nem sempre é possível compartilhar,
Necessitando encontrar quem dá
sentido
Em se pensar que não se está
sozinho.
Há momentos em que
A realidade foge a qualquer
compreensão.
Então,
Se não me ouvires dizer um adeus
É porque ainda há esperança de nos
reencontrarmos.
Quero que sejas feliz com teus
sonhos,
Negando-te a minha dor,
Transformando o teu padecimento em
carinho.
Perdoa as minhas incertezas.
Não te entristece se não entenderes.
Porque, quando
As explicações já não conseguem
revelar,
O que ameniza a dor da solidão
É, simplesmente,
Um ombro que anestesia as
lembranças,
Um sorriso que costura feridas e
Um abraço que precisa ser bem demorado...
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