A catástrofe que se abateu sobre o Rio Grande do Sul era uma desgraça anunciada. Os avisos se sucederam e, o maior deles, veio em setembro do ano passado. Infelizmente, a perda de patrimônio e de vidas não acelerou a máquina administrativa que continuou empurrando as soluções com a barriga. Medidas que se tornaram pífias ou ações tímidas, quando não beiram o descaso. Em uma reunião, presidente, governador, líderes da câmara e do senado disseram que não é a hora de procurar culpados...
Imagens das casas desabando ou sendo levadas pela correnteza, móveis e
utensílios boiando nas águas é o resultado do rio que fugiu ao seu leito e
invadiu áreas de ocupação irregular, seja por teimosia de moradores ou omissão
de autoridades que fecharam os olhos para habitações irregulares. Infelizmente,
ainda não aprendemos: somos interdependentes no que se refere ao meio ambiente
e o habitat do homem. Pois, sempre que acontecem, as desgraças climáticas têm
um efeito dominó.
Na natureza, não existem castigos dos Céus, mas consequências do que o
próprio ser humano provocou. Os rios apenas pedem passagem como consequência
dos fenômenos naturais. O excesso de águas ou o seu assoreamento faz com que
saia do seu leito e cause os transtornos que são sentidos. Vale a pena lembrar
que, na década de 70, já se ouvia falar a respeito dos “ecochatos” (os
ambientalistas), num tom de zombaria e de acusação, pois atrapalhavam o
desenvolvimento do “Brasil que vai pra frente”.
Época dos governos militares e de um ufanismo em que o progresso era razão
de ser das administrações, sem medir consequências. Os “ecochatos” mostraram-se
profetas de males não tão distantes. Embora as belezas naturais, o Brasil é um país
marcado por feridas ambientais. Em um tempo onde já existem tecnologias para manter
cidades abaixo do nível do mar, não se pode reclamar: fomos avisados. Faltaram
investimento e vontade política na prevenção e cuidado com um bem elementar: a
própria vida!
Nenhum comentário:
Postar um comentário