terça-feira, 7 de maio de 2024

Francisco, comunicação e Inteligência Artificial

Nenhuma definição técnica pode ser fechada em si. Porém, antes que se questione sua aplicação, é necessário entender o que é. Falo a respeito de “Inteligência Artificial”, a IA. Área fascinante e promissora da tecnologia atual, pois permite que máquinas e dispositivos eletrônicos reproduzam competências semelhantes às humanas, como o raciocínio, aprendizagem, planejamento e a criatividade. Tarefas, até então, exclusivas do ser humano, muitas vezes necessitando da atuação de profissionais especializados.

É exatamente sobre este tema que o papa Francisco propôs à sociedade internacional que se debruce, no próximo domingo, 12 de maio, considerado pela Igreja Católica como o Dia Mundial das Comunicações Sociais. O desafio está no tema: “Inteligência Artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana”. A IA modifica de forma radical a informação (de uma forma genérica) e a comunicação (de um jeito específico). Surpreendendo até quem se acostumou com as novas tecnologias.

É bom repetir que todos aqueles que nasceram antes deste século experimentaram uma “rápida difusão de maravilhosas invenções, cujo funcionamento e potencialidades são indecifráveis para a maior parte de nós”. Na sua mensagem, Francisco fala que estas novidades suscitam um “espanto que oscila entre entusiasmo e desorientação” (e diria: apatia daqueles que até vão usar sem entender o que significam). Questiona: “como se permanecer plenamente humano e orientar para o bem a mudança cultural em curso?”

O ponto de partida é o coração, onde é necessário limpar o terreno das leituras desastrosas e efeitos paralisadores. Romando Guardini, sobre técnica e homem, convida a “não se inveterar contra o “novo” na tentativa de conservar um mundo belo condenado a desaparecer”. Tendo como referência “um novo tipo humano, dotado de uma espiritualidade mais profunda, de uma nova liberdade e de uma nova interioridade”, num tempo que corre o risco de ser rico em técnica e pobre em humanidade.

Alerta: “a resposta não está escrita: depende de nós... Não se trata de exigir que as máquinas pareçam humanas... Chegamos às máquinas sofisticadas que funcionam como auxílio do pensamento. Entretanto, cada realidade pode ser contaminada pela tentação primordial de se tornar como Deus, sem Deus”. O certo é que “cada prolongamento técnico do homem pode ser instrumento de amoroso serviço ou de domínio hostil”. Afinal, só ele (o homem) pode tornar possível uma comunicação plenamente humana.

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