sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Deixa o teu coração conversar com o meu...

O tiquetaquear do coração

Solavancou meu peito quando te reencontrei.

Acreditava que nunca mais

Ousaria a intensidade do amor.

Foram anos em que

O senti machucado, ferido, apertado.

As veias foram congestionando,

Parando, trancadas nas

Minhas angústias, medos, rancores e decepções.

 

Não acreditava que alguém tivesse

Paciência para assoprar

O ar que limpasse cada um

Destes dutos da minha sanidade.

Senti o frescor da tua passagem,

Quando, finalmente, consegui arfar...

Tua sensibilidade percebeu que

Meu coração estava doente e

Tiveste paciência para diagnosticar

O que era frágil e demandava

Poções de ternura e doses de compaixão.

 

Driblaste minha insensibilidade,

Não te importando com meus gemidos,

Sabendo onde querias chegar:

O âmago dos meus sentimentos...

Uma por uma, transformaste cada chaga

Numa cicatriz que guarda uma história,

Que já não queria mais fazer parceria com a dor...

Finalmente, com ternura,

Tu cerziu meu peito

Com a linha e a agulha do teu desvelo.

 

Eu havia soçobrado ao silêncio.

Acreditava que iria

Me consumir em meio a dúvidas e remorsos.

Estava conformado

A viver com a pobreza do que

Restaram das minhas emoções.

 

A cura levou muito tempo.

Precisava reaprender a amar.

Foi quando me ensinaste a

Olhar para as estrelas cadentes

Que despencavam dos céus

E marcavam teu olhar.

Tive medo de fechar os meus

E perder alguma fagulha que

Naufragasse ao longe.

Sequer me animei a fechá-los

Na hora de fazer uma prece e um pedido...

 

Tenho cicatrizes no peito das vezes

Em que fui abalroado.

Meu coração definhou e

O medo era de que fosse parando aos poucos.

No entanto, eu já sabia que, em qualquer momento,

No silêncio que se derramava pelo

Meu olhar suplicante

Sempre poderia te pedir que

O teu coração estivesse de aberto e

Pudesse acolher e conversar com o meu...

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