terça-feira, 26 de setembro de 2023

Setembro Amarelo: valorize a vida de quem ama

Confesso que, no círculo das minhas relações, há muito tempo não se tem notícias de um suicida. O que não significa que, periodicamente, apareça, aqui e ali, uma notícia de alguém que tenha tentado. Sempre que isto acontece, são informações repassadas ao pé do ouvido, quase em confidência. Há um silêncio meio assustador quando se escuta um: “tu sabias que o fulano tentou se matar?” O que preocupa é que estas iniciativas têm sido tomadas por pessoas cada vez mais jovens, muitas ainda em bancos escolares.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) propõe que se reflita e fique antenado no chamado Setembro Amarelo. Movimento mundial de alerta aos pais, educadores e responsáveis pela valorização da vida (em primeiro lugar) e prevenção das ocorrências de suicídio (em situações extremas). O que já seria capaz de prevenir, segundo especialistas, 90% dos casos. O número parece alto, mas é realidade. Antes de pensar em alguém que se propõe a morrer, é necessário auxiliar a que valorize a própria vida.


Postagem no Facebook chamou a atenção: “a escola voltará a ser a segunda casa, quando a família retornar a ser a primeira escola.” Pensei em tudo o que se diz (e não pratica) sobre educação. Encaixa perfeitamente no que propõe a OMS desde que... a família seja efetiva (e afetivamente, repetindo) uma estrutura de acolhida e carinho com a continuidade na escola. Pode-se começar por algo básico: a chamada orientação sexual. E aqui não quero e não vou discutir gênero, mas o básico da sexualidade...

A piadinha do menino que pergunta ao pai que o chamou para conversar sobre sexo e a criança questiona o que quer saber a respeito. Os mais velhos, somos da geração em que muitos de nossos pais não tiveram e não saberiam dar esta orientação. Ao contrário, fomos cercados de tabus e de uma sexualidade mal explicada e mal resolvida, quando, muitas vezes, se responsabilizava (ou se confundia) com afetividade. O corpo foi transformado em objeto sexual de preservação... Discussão proibida em muitas relações.

Porque trago o assunto à baila? Porque é uma época de muita instabilidade emocional, talvez nem tanto para os mais jovens que até já não se importam com o que passou ou viveu a “velha guarda”. Mas que teriam a vida facilitada caso fossem acolhidos e amados nos primeiros ambientes que formarão a personalidade, sem precisar de se sentir culpados pelo resto da vida. O aprendizado da rua, muitas vezes, forma pessoas que, por não resolver a sua sexualidade, maculam o sentido da afetividade.

Setembro Amarelo é proposta de valorizar a vida de quem se ama. Uma afetividade mal resolvida confunde muitas coisas. O simples fato de parecer que há algo errado com um jovem é sinal de alerta. “Coisa de garoto...” é a porta da omissão em que, numa atitude covarde, se nega prevenir, pela busca de ajuda e tratamento. E quando achar que palavras não foram suficientes, não tenha vergonha: estenda o coração e deixe que ali ele encontre um arrimo, para saber que em nenhum momento esteve ou estará sozinho...

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