Parece uma brincadeira torturante.
É quando a brisa do mar sussurra palavras
Que inebriam, sem que se alcance o
sentido.
É o correr do tempo pelo dorso
De cada uma de nossas mãos
calejadas,
Que fazem com que se descubra
Aquilo que é pura expectativa.
No arcabouço de verdades e mentiras,
Se precisa proteger os sonhos que restam,
Encontrar lugar para aconchegá-los,
Onde tenham a liberdade de flutuar
Livremente por suas próprias
finitudes,
Como a gaivota que grasna e faz
companhia...
No sacolejar das ondas,
O encantamento das memórias:
Como a música que assobias
Na melodia que faz duo com o teu
olhar...
O jeito como deitas o braço sobre a
cadeira
E com as mãos apoias a face...
Quando provocas a
Encostar o rosto sobre a mesa,
Fazes o mesmo, sem palavras,
E apenas os olharas se encontram...
Entre o mar e a terra, acontece
O desejo de não se precisar de um
adeus.
Tu sabes que um até logo dói menos,
É luz que se esquiva pela fresta da
janela,
Brinca pelos cantos mais longínquos,
Revelando a preciosidade do carmim
Que aconchega a alvura dos
lençóis...
O porto onde atracam meus devaneios
Tem o aconchego das águas
tranquilas da baia
Onde uma jangada encerra a jornada.
Entre a partida e o retorno, vencendo
ventos,
Ondas, tempestades, acontece a
vida.
Quando se traz cicatrizes que são
Embalsamadas por quem sopra sobre a
pele,
Garantindo a cura
E as feridas recebem dedos
Encantados assegurando que
A dor já passou...
Marcas que sucumbem no cais,
Cúmplice na necessidade de aportar
Novamente no desejo de um abraço!
Sonhos que concretizam anseios
E diluem sofrimentos.
A chegada é o entardecer da vida,
A possibilidade de encontrar
O lugar de cada uma das minhas
aspirações.
Quando tudo parece que acaba,
A mochila pesa com as saudades e
A Eternidade é o abrigo que se busca
no
Interior de um coração.
No compasso lento do andar,
É preciso afastar-se do porto,
Sentir a falta das marés,
Descobrir os derradeiros rumos das
águas,
Aqueles que já singramos em sonhos,
Em que se almeja, apenas, a própria
paz...
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