sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Aportar no destino dos meus sonhos

Tem ocasiões em que o destino

Parece uma brincadeira torturante.

É quando a brisa do mar sussurra palavras

Que inebriam, sem que se alcance o sentido.

É o correr do tempo pelo dorso

De cada uma de nossas mãos calejadas,

Que fazem com que se descubra

Aquilo que é pura expectativa.

 

No arcabouço de verdades e mentiras,

Se precisa proteger os sonhos que restam,

Encontrar lugar para aconchegá-los,

Onde tenham a liberdade de flutuar

Livremente por suas próprias finitudes,

Como a gaivota que grasna e faz companhia...

 

No sacolejar das ondas,

O encantamento das memórias:

Como a música que assobias

Na melodia que faz duo com o teu olhar...

O jeito como deitas o braço sobre a cadeira

E com as mãos apoias a face...

Quando provocas a

Encostar o rosto sobre a mesa,

Fazes o mesmo, sem palavras,

E apenas os olharas se encontram...

 

Entre o mar e a terra, acontece

O desejo de não se precisar de um adeus.

Tu sabes que um até logo dói menos,

É luz que se esquiva pela fresta da janela,

Brinca pelos cantos mais longínquos,

Revelando a preciosidade do carmim

Que aconchega a alvura dos lençóis...

 

O porto onde atracam meus devaneios

Tem o aconchego das águas tranquilas da baia

Onde uma jangada encerra a jornada.

Entre a partida e o retorno, vencendo ventos,

Ondas, tempestades, acontece a vida.

 

Quando se traz cicatrizes que são

Embalsamadas por quem sopra sobre a pele,

Garantindo a cura

E as feridas recebem dedos

Encantados assegurando que

A dor já passou...

Marcas que sucumbem no cais,

Cúmplice na necessidade de aportar

Novamente no desejo de um abraço!

 

Sonhos que concretizam anseios

E diluem sofrimentos.

A chegada é o entardecer da vida,

A possibilidade de encontrar

O lugar de cada uma das minhas aspirações.

 

Quando tudo parece que acaba,

A mochila pesa com as saudades e

A Eternidade é o abrigo que se busca no

Interior de um coração.

No compasso lento do andar,

É preciso afastar-se do porto,

Sentir a falta das marés,

Descobrir os derradeiros rumos das águas,

Aqueles que já singramos em sonhos,

Em que se almeja, apenas, a própria paz...

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