domingo, 13 de agosto de 2023

“Saiu igualzito ao pai!”

 O comercial é mais ou menos assim: o pai diz ao filho: "eu te amo". Reproduzindo o que ouviu, o menino diz ao irmão que está no berço: "eu te amo". E vem a mensagem: “o primeiro influenciador que seu filho vai seguir é você!” É simples assim, quando se trata uma criança com amor e tem no pai uma referência de vida. A velha história de que as pregações são interessantes, mas os exemplos transformam comportamentos. Gosto muito desta temática. Tem mais um elemento: numa sociedade permeada por preconceitos machistas, no discurso e na prática social, expressar sentimento, muitas vezes, mesmo que seja em família, é um grande avanço, especialmente para o homem.


O rapaz chegou em casa e encontrou a esposa com dor de cabeça. Ficou com a filhinha enquanto a mulher descansava. Lá pelas tantas, a neném começou a ficar irritada e um cheiro nada agradável tomou conta da sala... Pensou em chamar a esposa, mas deu-se conta de que era melhor, mesmo com dificuldades, resolver a situação. Todo sem jeito, foi em busca de um tutorial no YouTube. Parecia fácil, mas no vídeo não havia o "perfume" que revoltou o estômago. Quando a companheira retornou, havia um sorriso brincalhão de quem viu o resultado, embora sabendo que precisaria de alguns ajustes...

A outra foi a daquele pai que se irritava cada vez que a esposa lhe dizia que a neném estava com cólicas e por isto o choro contínuo. Numa ocasião, pegou-a no colo e resvalou para debaixo do braço, onde ficou aninhada com o estômago contra seu corpo. Foi um santo remédio. Era só colocá-la assim que controlava a cólica. Brincaram que parecia que ele estava levando uma porquinha. Aceitou a brincadeira e passou a chamá-la de "minha porquinha". Mas era apenas com ele que a pequena aceitava andar assim. Não se importava. Inclusive quando ela mesma passou a pedir: "oinc, oinc, papai!"

Ser pai não é função auxiliar. Não basta, quando for o caso, achar que é suficiente se contentar em ser mantenedor. São vínculos afetivos que vão sendo construídos no dia a dia, em coisas extremamente simples, que, infelizmente, muitas vezes ainda estão carregadas de preconceitos. Como quando se pensa que existem funções de pai ou funções de mãe. "Pai-mãe” ou "mãe-pai", isto não importa. As marcas que os filhos vão levar para a vida envolve a ternura entre dois seres humanos que se necessitam e se descobrem. Um pai influenciador para com o filho está em falta no mercado...

O investimento acaba sendo o tão precioso tempo que é gasto em trabalho, com amigos, em diversão. E que a rotina familiar tem tudo para se tornar difícil e da qual se quer fugir. Superar as dificuldades não é apenas ajudar alguém a se desenvolver, mas ser testemunha do próprio amadurecimento. A fase juvenil do “umbigocentrismo” precisa de um horizonte familiar. Por natureza, crianças são potencialidades que não trazem manual e é natural que se acerte e que se erre no seu processo de conhecer a vida. O que importa é não desistir. E, um dia, quem sabe, poder ouvir: “saiu igualzito ao pai!”

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