sexta-feira, 30 de junho de 2023

As tuas mãos...

Amparo meu rosto com as mãos

Quando as estrelas cravejam os céus

E quero bater palmas para a lua.

Encantado, espio por entre os dedos.

Ao redor do fogo,

Deixo que a música me inebrie,

Na magia que somente a noite compartilha.

Flagro teu olhar que me envolve

E orquestra o ritmo das nossas vidas.

Não preciso de mais nada:

Estou em harmonia com o Universo.

 

A fogueira crepitando é motivo


Para que fales sobre mãos, calor e sombras...

Somente te ouvir já me faz feliz.

São muitas as vezes em que

Brincas com os sentidos,

Provocando para que se batam palmas,

Se bata no peito,

Tamborile para marcar o compasso da música imaginária,

Que danças aos acordes da brisa,

Na dolência de um murmúrio que brinca em meu ouvido.

 

Quando fecho os olhos,

Minhas lembranças andam de braços com a imaginação.

De forma etérea, estás comigo, e

Te imito ajeitando a roupa,

Passando os dedos pelos cabelos,

Percorrendo corpos imaginários.

Quedo-me perdendo a noção do tempo,

Mirando e me encantando com tuas mãos.

 

Sempre disseste que as mãos falam. 

Que deveria entender o alcance que elas têm:

Quando estendidas, acolhem.

Ao cumprimentar, aconchegam.

Reforçam o abraço,

Enriquecem os gestos,

Agregam poder àquilo que as palavras são incapazes de significar...

 

O encanto do que não é apenas parte do corpo,

Mas uma extensão da alma:

No ato criador que faz o desenho

Tomar forma na tela ou no papel,

Ao emergir a imagem na madeira ou na pedra,

Ou, apenas, na areia,

Quando se torna cúmplice do mar,

Na perenidade do que é "eterno enquanto dure"....

 

A vocação das mãos é o carinho.

Mesmo quando um dedo se coloca

Sobre os lábios pedindo silêncio,

Está em comunhão com um olhar

Que derrama o desejo de apenas acolher.

Mãos que se colocam sobre outras que já não reagem,

Que percorrem uma face desanimada,

Que ajudam a levantar,

Caminhar e retomar a esperança...

Mãos postadas em prece aliam-se a um Espírito suplicante,

Em busca do rumo,

Dos silêncios e dos risos, que rondam a felicidade!

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