sexta-feira, 23 de junho de 2023

Sonhos que rasgam os sentidos

Perco-me no tempo, quando o sono chega.

Por onde andam as musas e os “musos”

Que inspiram as minhas noites?

Não há trilhos, não há estradas, nem existem rumos...

Flutua-se por onde a realidade

Vai sendo transformada pelos sonhos.

 

Um mundo que foge ao controle das sensações lógicas.

Emergem lembranças, emoções, desejos...

A vida que faz parte do dia a dia,

Mas também o que nunca se ousou experimentar.

Sublimam-se expectativas

E se penetra no espaço em que o impossível é

Apenas uma fronteira a ser transpassada.

 

É bem assim.

Passa pelos sonhos acordado,

Quando se abandona o rumo,

O tempo, a noção do espaço.

Não se sabe responder,

Nem por onde se anda,

A vida e a morte se descontinuam...

O olhar perdido e o suspiro

De quem anda pelas nuvens!

 

Pelos pesadelos:

As dores contidas,

As lágrimas represadas,

As perdas e os abandonos,

Aquilo que ficou mal resolvido

E se tem o temor de vivenciar novamente.

 

Os sonhos esquecidos

Com a sensação de que deveriam ser lembrados.

O acordar com o gosto de incompletude,

De que alguém ainda faz falta,

Sem a possibilidade de recuperar a presença.

 

Os sonhos não respeitam barreiras.

As conscientes e as inconscientes.

Recolhem das profundidades

O que ficou abafado, reprimido, mal resolvido.

Despertar tem o gosto de que se retoma a

Consciência com um arfar no peito,

Uma palavra faltando nos lábios,

A perda no olhar de quem se envolveu de carinho.

 

Os sonhos rasgam os sentidos e os transtornam.

O resultado é que, muitas vezes, entre eles e a realidade,

Haja um grito que brada pelos olhos o desejo de viver.

A pior morte é aquela que mata os sonhos.

O sonho tem a capacidade de transcender

O próprio corpo, percorrer o que é etéreo,

Com a sensação de que faz parte de

Um desígnio de Deus, sentindo o gosto do

Quanto humanizar-se já é um rastro

Do que aproxima o homem do Divino!

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