No início deste ano, disse que via com bons olhos o compromisso dos executivos em privilegiar investimentos na educação. Por enquanto, são mais promessas do que realidades. Claro que se deseja confirmar mudança nas propostas pedagógicas, melhoria de salários e aperfeiçoamento de professores, crianças e adolescentes com dois turnos nas escolas, que lhes permitam, além da educação formal, a prática de atividades físicas, culturais e sociabilidade. Já se perdeu muito tempo com palanques, infelizmente.
Uma discussões que se tem, hoje, é do porquê chegamos à "geração mi
mi mi". Somos frutos de uma geração que teve dificuldades em propiciar a
formação escolar, sendo, então, praticamente um sonho chegar ao nível
universitário. Em pouco mais de meio século, houve uma mudança que facilitou (e
banalizou) a formação superior, em muitos casos, em detrimento da formação
técnica. Estávamos tão afoitos em lhes dar o melhor que esquecemos de que os
caminhos sem dificuldades dificilmente são os melhores.
No entanto, o que desejo propor, hoje, como reflexão, é um “detalhe” que deve merecer atenção dos educadores e daqueles que se responsabilizam por políticas públicas. Partindo de uma premissa: crianças ou jovens com problemas de aprendizado, hoje, o são porque não veem sentido nas propostas que lhes são apresentadas. E sejamos honestos: de fato, o que se tem, com raras exceções, não é atraente e não indica perspectivas que alentem um futuro. O certo é que não existem manuais para pessoas.
Como é perigoso pensar que "manuais de educação" são "bíblia"
a serem levados ao pé da letra. O foco na sala de aula e na escola prejudica
olhar abrangente se, novamente, não pensar especialmente na mãe que funciona
como monitora em casa. Despreparada, precisa encontrar forças na gana de
melhorar a vida do filho. Que muitas vezes não está nem aí, como contou uma
delas que, desanimada, disse: "desisto de ti". Instantes de silêncio,
o garoto procurou sua mão para dizer: “mãe tu sabes que eu te amo!”
A educação, hoje, precisa trabalhar com grupos diferentes de pessoas,
respeitando as suas diferenças, como a inclusão de crianças e jovens com
síndrome de Down e autistas. Mas também vindas de diferentes estratos sociais,
com, se é que se pode dizer: “culturas diferentes”. Que inoculam pensamentos
como o do vídeo em que perguntavam à criança o que desejava ser ao crescer. A
resposta, mais do que “engraçadinha”, é preocupante: “eu queria ser piriguete,
mas minha mãe não deixa, então eu vou ser cantora, mesmo...”
Não há como perder a esperança de que a educação no Brasil é possível. Em
todos os níveis, temos profissionais que gastam a própria vida buscando, na
educação formal, a realização pessoal de seus pupilos. Trabalham e reivindicam
que as autoridades estabeleçam a educação como real prioridade. Gostei da
charge em que um menino entregava um mimo para a professora que dizia:
“obrigado pelo presente!” Ao que o garoto prontamente respondia: “eu que
agradeço pelo futuro que a senhora me dá!”
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