Nas mensagens dos não tão jovens (também não muito
velhos) membros do Grupo de Jovens em Busca de Um Novo Sol – os GEBUNS –
brinquei que estava gostando das mensagens aos avôs e avós, mas que também,
como no meu caso, podiam lembrar dos “tios-avôs” e, tenho certeza, de muitas
“tias-avós”. Foram poucos consolos e eu passei a sentir que fazemos parte de
uma categoria menor e menos valorizada. Mas, na relação das lembranças afetivas
das nossas sempre “crianças”, não menos importantes.
Dia dos avôs e avós era data reservada para um bolinho de padaria no
lanche da tardinha, quando estava presente boa parte da família. Ao sair para
as compras, recebia o alerta da mãe: “traz qualquer coisa, alguns salgadinhos,
mas não esquece do bolo de aipim com coco!” Não, não tinha como esquecer da
especiaria que fez parte dos cafés de muitas tardes na minha casa, assim como
continuou presente nos últimos dias da sua vida, com o gosto agradável da
mistura se desmanchando devagarinho na boca...
Infelizmente, pouco convivi com meus avôs e avós, tanto paternos quanto
maternos. Mas fui privilegiado em privar da relação do meu pai e da minha mãe
com seus netos. Meu pai, especialmente, era um caso raro de elemento agregador.
Para onde fosse um filho, por onde andasse um neto, em algum momento, fazia a
sua mala e tomava o rumo da estrada. Nos finais de semana, fazia questão de
reunir toda a família que ainda residia por aqui. Não era de muitas palavras,
nem de muitos conselhos, mas sabia ser presença.
Da viagem do papa, que tem cara de avô daqueles que são “cumplices” dos
netos, vejo que não desiste da humanidade, que também se parece com os “filhos
dos filhos” que ouvem muitos e bons conselhos, mas, na maior parte das vezes,
entram por um ouvido e saem pelo outro. Imaginei meus pais recebendo com muito
carinho o velhinho que hoje é um peregrino da paz e do bem. Não resistiriam em
mostrar o pátio e reclamar que nestes tempos de umidade as lesmas estão fazendo
parceria e comendo as plantas...
Depois, sentariam na sala. Seu prato seria servido com uma generosa fatia
de bolo, daquelas que o visitante pode até não querer, mas tem vergonha de se
negar a comer. Além do aroma da gostosura novinha e, muitas vezes, ainda
quente, acompanhava o perfume de um café passado. Sorririam, contariam causos e
eu me quedaria em silêncio bebendo do seu carinho e da sua sabedoria... Sentindo
que não era apenas o que diziam, mas a sua história me deixando marcas que seriam
referência para toda a minha vida...
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