O João de Barro que fez sua casa na Nogueira do fundo do nosso terreno – podada no Outono (pela sabedoria popular, as árvores devem ser podadas nos meses sem “r” – maio, junho, julho e agosto) foi enganado pela natureza. Este pássaro tem predileção por lugares abertos e, no meio urbano, quase sempre opta por postes de luz. No entanto, não havia registro em seu sistema de que a Nogueira é uma das árvores que recupera a vegetação mais tarde, consequentemente, quando o João de Barro terminou o ninho, ganhos e folhas surgiram e o envolveram.
A expressão “a natureza é sábia” aqui não se aplicou. Mas quem diz que para todas as regras não há uma exceção? Embora possamos justificar esta “exceção” pela ação do homem que diminuiu a habitação natural deste pássaro, também haveremos de concordar que nem tudo é festa, quando se trata da ação na esfera animal e vegetal.
Somos privilegiados pelo fato de que nosso pátio é lugar procurado por diversos pássaros em tempo de reprodução. Muito porque a consciência de nossos pais no trato com a natureza serviu de referência para que filhos, netos e bisnetos tivessem aprendido de que o bom de cada um destes pequenos animais é poder observá-los procurando alimento ou brincando pelas árvores e não presos em gaiolas.
Mesmo que tenha havido um engano – corrigido com a construção de outro ninho – a grande lição do João de Barro é que ele não desiste. Na vida é assim, também: muitos são os tombos, muitas são as vezes em que batemos com a cara na parede, mas são estas as lições que nos ensinam. Da próxima vez, o João de Barro vai pensar duas vezes antes de construir sua casa numa Nogueira. Perdemos nós, perdeu a Nogueira.
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