A criança inicia a vida
Explorando as próprias mãos.
Se apropria do sentido das coisas,
Desenhando com elas a sua forma,
Descobrindo cores e texturas.
Precisa-se delas para sentir o carinho,
Aprender as formas de interação,
Receber os primeiros fluidos do amor.
No ocaso da vida, encontra-se o idoso
Que ficam longos períodos
Erguendo as mãos ao Sol,
Gravando detalhes que o tempo
Cinzelou na articulação dos dedos,
Escureceu num dorso judiado
E escondeu na palma
O traçado de um destino…
Se hoje seguro as tuas mãos,
Chegará o momento de prenderes as minhas.
Elas são capazes de atrair,
Assim como manter afastado
Ou, quem sabe, demonstrar indiferença.
Nos momentos de cansaço,
Preciso que coloques as tuas em meus ombros,
A energia que recarrega o meu coração.
Nascemos e nos firmamos na vida
Guiados pelas mãos dos pais;
Aprende-se a valorizar
Aquelas que se tornam amigas;
E se espera viver
A parceria com a pessoa amada,
Que redesenhe o mapa dos nossos corpos.
Dói pensar que a carência das mãos
Faz com que se perca o brilho no olhar,
Quando o entardecer da existência
Preocupa e muitas vezes assusta.
Todas as partidas têm um aceno de mãos.
A lonjura e o afastamento
As tornam mais lentas.
Precisam secar os olhos
E mirar mais distante a própria esperança…
Ao perceberes que estou de partida,
Coloca tuas mãos sobre as minhas.
Não haverá razão em pensar ter sido o fim,
Apenas um momento de passagem.
Quando, novamente, se encontrarem,
Saciarão o desejo da eterna busca
Por amores que preenchem o sentido
De cada instante da existência…
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