Enquanto for capaz de sonhar,
Posso acordar como louco ou como poeta.
Dá no mesmo.
A loucura e a poesia são cúmplices.
No que se declama e no que se escreve
Tem sempre o desejo de garimpar
Um gostinho de bem querer...
Um aceno para aqueles com
Quem a gente se importa em
Compartilhar bons e ternos momentos.
A loucura não nos separa do mundo,
Dos seres que se consideram "normais",
Especialmente, quando
Já não se tem forças para enfrentar a realidade.
Ela estende a visão até
Onde a poesia tece palavras com
A angústia da busca por sentidos,
Mesmo sem alcançar a sensatez da lógica.
Amo os loucos e os poetas.
Não tenho preferência por um ou por outro.
São uma forma de amor não correspondido:
Aquele que se espera de alguém
Ou o amor próprio que não foi satisfeito.
Precisando entender
Que não se deixa de amar alguém,
Apenas se sublima
A incapacidade de cuidar da própria dor.
São os momentos de insanidade e de poesia
Que devolvem o direito de sorrir...
E de sonhar!
Garimpa-se o tempo em que
Éramos crianças amando outras crianças...
Foi assim nas amizades, nas paixões
E também quando vieram os filhos.
Buscávamos um estado de espírito
Que permitisse alcançar e viver em paz.
Nossas ambições contemplavam
Quem ajudava a dar sentido às nossas vidas.
Anestesiados por excessos de sanidade,
Perde-se a noção do que é pura expectativa.
Ao invés de brincar, sonhar e sorrir,
Corre-se atrás do sucesso, da fortuna e do poder...
É exatamente quando se sufoca
Qualquer uma delas
Que a poesia resiste, insiste
Em dar sentido à própria loucura…
Nenhum comentário:
Postar um comentário