Tarde da noite, era
Quando gostava de voltar à cozinha,
Já com o lampião apagado, e
Testemunhar o estertor das brasas.
O canto que se tornou especial, onde
Acontecia a magia da roda de chimarrão,
Nas noites geladas de inverno.
Mais cedo, no entardecer, o frio apertava
E, enquanto o minuano assobiava lá fora,
Puxava-se um cobertor,
Ouvia-se o chiar da chaleira e o
Pinhão estalava na chapa.
No passar do tempo,
Os olhos teimavam em se fechar,
Mas ninguém abria mão da roda de prosa.
Pela manhã, quase sempre,
Restavam brasas em meio às cinzas.
Tempo de ajudar no café,
Passado e recendendo
O perfume por toda a casa.
Acrescentar mais lenha,
Colocar o bule com leite sobre o fogo
E abrir espaço para assar
O pão nosso de cada manhã.
Um tempo feliz de infância,
Junto com tios, avós e os primos.
Partir era sempre a certeza de que, ali,
Se deixava uma segunda família.
Contavam-se os dias
Até que a carroça cruzasse
A última porteira,
Com a certeza de que,
Na porta do rancho,
Um sorriso de felicidade era a acolhida.
Tia Toninha, onde estiveres,
Reúne quem já partiu e
Deixa a lenha acesa no fogão.
Na medida em que que também nós
Voltarmos para casa, alguém vai
Arrastar um banco para perto da mesa.
A senhora vai servir a comida
Que tem gosto de tempos vividos.
Limpar as mãos no avental e,
Mesmo encurvada pelas agruras da lavoura,
Dar um grande abraço na chegada
E outro na despedida.
Será mais fácil de entender
Que os momentos passados juntos
Já davam um gostinho do próprio Paraíso!
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