sexta-feira, 2 de agosto de 2024

O rumo das minhas saudades…

Quero voltar de ônibus para casa.

Sentar à janela e

Ver a paisagem passando, durante o dia,

Ou o desfile das luzes, 

Quando chega a noite.

Compartilhar o sentimento de pertença

Com quem peregrina

Em busca do sustento ou do estudo.


Sabendo que os rostos serão conhecidos,

Nem que seja de passagem.

E, ao final da viagem,

Sentar na beira da calçada

E conversar sem preocupação com o tempo.

Os relógios param e, aos poucos,

A imaginação vai preenchendo as ausências,

Cada um descendo do ônibus seguinte

Ou vindos de casa, numa escapada da família.

 

Desembarcar na parada 

Onde os nomes continuam falquejados

Na placa riscada do abrigo.

Naquela esquina que

Era o ponto de todas as esperas:

Indo para o trabalho, para a escola,

Voltando para casa,

Ou na saideira do fim de semana...

 

O motivo de uma espiada pela janela

Para ver se encontrava um rosto amigo.

Quando passava e não se via alguém

A espera persistia:

Sempre haveria uma nova viagem e

Aguardar não era o problema.

Tínhamos o tempo necessário

Para ansiar pelas companhias que

Davam sentido às nossas vidas.


Minha vila querida.

O fio que interligou nossos destinos

Conduz meu olhar.

Vai em direção ao lugar onde estavam

As casas que abrigaram

Um pouco das nossas histórias.

Onde lágrimas e risos podiam se misturar,

Sabendo que, em algum momento,

Não faltaria um ombro que se faria amigo.


De tudo o que passei, guardo

O desejo de nunca esquecer as tuas ruas.

E, mesmo quando não puder andar,

Que minhas memórias peregrinem,

Percorrendo tuas calçadas,

No rumo das minhas eternas saudades…

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