Quero voltar de ônibus para casa.
Sentar à janela e
Ver a paisagem passando, durante o dia,
Ou o desfile das luzes,
Quando chega a noite.
Compartilhar o sentimento de pertença
Com quem peregrina
Em busca do sustento ou do estudo.
Sabendo que os rostos serão conhecidos,
Nem que seja de passagem.
E, ao final da viagem,
Sentar na beira da calçada
E conversar sem preocupação com o tempo.
Os relógios param e, aos poucos,
A imaginação vai preenchendo as ausências,
Cada um descendo do ônibus seguinte
Ou vindos de casa, numa escapada da família.
Desembarcar na parada
Onde os nomes continuam falquejados
Na placa riscada do abrigo.
Naquela esquina que
Era o ponto de todas as esperas:
Indo para o trabalho, para a escola,
Voltando para casa,
Ou na saideira do fim de semana...
O motivo de uma espiada pela janela
Para ver se encontrava um rosto amigo.
Quando passava e não se via alguém
A espera persistia:
Sempre haveria uma nova viagem e
Aguardar não era o problema.
Tínhamos o tempo necessário
Para ansiar pelas companhias que
Davam sentido às nossas vidas.
Minha vila querida.
O fio que interligou nossos destinos
Conduz meu olhar.
Vai em direção ao lugar onde estavam
As casas que abrigaram
Um pouco das nossas histórias.
Onde lágrimas e risos podiam se misturar,
Sabendo que, em algum momento,
Não faltaria um ombro que se faria amigo.
De tudo o que passei, guardo
O desejo de nunca esquecer as tuas ruas.
E, mesmo quando não puder andar,
Que minhas memórias peregrinem,
Percorrendo tuas calçadas,
No rumo das minhas eternas saudades…
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