Passou o feriado de Carnaval? Qual é o próximo? Creio que muitos de vocês estão pensando assim: aposentados, como eu, já não têm esta preocupação... E é curioso observar os mais novos já se programando para a Semana Santa, no início de abril. Confesso que a suspensão das atividades continua, mas duvido que grande parte da população se importe com o sentido da data. Parecido com as festas de Momo, quando também uma parcela quer liberar geral, mas grande parte aproveita para descansar.
Infelizmente, mesmo muitos que se dizem
cristãos/católicos (meu caso) não têm a menor noção do seu significado. Mas não
vou discutir princípios religiosos e, sim, liberar as boas memórias deste
feriadão que era considerado as “férias de Páscoa”. Para mim, primeiro, foi no
Seminário, quando, na quinta-feira Santa éramos liberados depois do almoço para
deixar o internato e ir para casa. Já prevendo que, naquela noite, com ao menos
parte da família, se tomaria parte da Missa do Lava-Pés, seguido de vigília.
Sexta-feira Santa era o dia de fazer a memória da
morte de Jesus Cristo, em cerimônia na Igreja da Santa Teresinha, seguida de
procissão pelas ruas do bairro. Pouca coisa se fazia no dia santo, mudando o
cardápio para peixes e complementos. Não sou muito de frutos do mar, mas,
naquele dia, gostava muito do peixe cozido em molho que o pai preparava. O
mesmo molho que iria ser ingrediente do que mais gostava: o pirão feito com
farinha e pedaços de peixe. Não podia faltar, é lógico, um bom vinho de
garrafão.
As festas noturnas voltavam de sábado para domingo,
com a celebração da ressurreição de Jesus. Domingo de Páscoa era o dia dos
presentes de doces. Ainda não se haviam popularizado os chocolates, então eram
feitos com açúcar e, muitas vezes, arranjos com amendoim torrado e
caramelizado. Não podia faltar o churrasco de almoço. Na segunda, voltar às
aulas ainda com sobras das guloseimas, que a mãe havia acondicionado num
embrulho e que iam para o fundo do armário para reforças a sobremesa...
Melhor ainda eram as “férias de Páscoa” na
faculdade. As aulas eram interrompidas na quarta e somente voltavam na
terça-feira seguinte. A folga de segunda-feira era chamada de “pascoela”, por
um simples motivo: como, naquele tempo, ainda as viagens eram bem difíceis e,
muitas vezes, necessárias baldeações, sendo grande parte dos alunos de outros
municípios e até de outras regiões, era o dia de retornar de viagem. Como
ninguém é de ferro, nós não ficávamos brabos em “descansar” mais um dia.
Este é um privilégio da comunidade escolar que o
comércio, por exemplo, não tem. Exceções, como setores públicos, têm como “mordomias”
que mostra um calendário confuso, como boa parte de nossas atividade sociais.
Num processo de secularização, uruguaios usam o período como semana do turismo.
É preciso agregar significado mesmo às atividades tradicionais. É bom lembrar de
um tempo em que qualquer espaço livre era motivo para alterar a rotina e
festar. Ficaram boas lembranças e muita saudade!
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