sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

O tempo de voltar para casa...

Hoje, não importa se as minhas mãos


Estão enrugadas, muitas vezes trêmulas,

Ou se, repousando em meu colo,

Demonstram todo o meu cansaço.

Estendo-as, diante de meus olhos,

E cada sulco é uma marca,

Traz um registro de todos os meus tempos.

 

Já contei o tempo que passa.

Hoje, me deixo envolver por ele.

Não é mais o tempo do relógio

E sim o tempo das Estrelas,

Brincando com o olhar

E enganando os meus sentidos.

Pode ser o instante em que a borboleta

Acaricia as flores,

Na cumplicidade de renovar a vida.

O tempo em que as marés

Acenam com seu ruídos fortes na distância

E depois vêm beijar a orla da praia,

Mansas e serenas como quem mira

Para além do fugaz momento.

 

Custei para entender

Que a coisa mais importante

Que alguém pode me dar é

O seu próprio tempo.

E quanto me foi ofertado ao longo da vida.

A prova de amor a tque não precisava ser pedida,

Por ser disponibilidade,

E, como não soube compreender,

Roubei uma fagulha pensando

Que estava juntando um pouco da tua felicidade...

 

O tempo passou pelo esfarelar

Do espelho quebrado que

Multiplicou a imagem de quem o agrediu.

Nele, eu via as estações mudarem

Sem me importar com o frio ou com o calor;

Me permiti revirar baús,

Reencontrando anotações

Em que brotam lembranças e sorrisos tortos;

Bilhetes em meio às páginas dos livros,

Acompanhados de fotos

Que acaricio no esforço da lembrança

Em cores que também esmaecem.

 

O tempo é a morada dos espíritos.

Na espera pela manhã,

Permite que se estenda a mão

E acaricie o sonho.

Conforme traça o destino,

Vai deixando sombras

Exatamente no chão por onde

As estrelas ainda teimam em traçar caminhos.

Na certeza de que também tem um tempo

Em que é necessário pensar em voltar para casa...

Um comentário:

Angela Madono disse...

Muito bom o texto, gostaria de saber o autor.