Hoje, não importa se as minhas mãos
Estão enrugadas, muitas vezes
trêmulas,
Ou se, repousando em meu colo,
Demonstram todo o meu cansaço.
Estendo-as, diante de meus olhos,
E cada sulco é uma marca,
Traz um registro de todos os meus
tempos.
Já contei o tempo que passa.
Hoje, me deixo envolver por ele.
Não é mais o tempo do relógio
E sim o tempo das Estrelas,
Brincando com o olhar
E enganando os meus sentidos.
Pode ser o instante em que a
borboleta
Acaricia as flores,
Na cumplicidade de renovar a vida.
O tempo em que as marés
Acenam com seu ruídos fortes na
distância
E depois vêm beijar a orla da
praia,
Mansas e serenas como quem mira
Para além do fugaz momento.
Custei para entender
Que a coisa mais importante
Que alguém pode me dar é
O seu próprio tempo.
E quanto me foi ofertado ao longo da
vida.
A prova de amor a tque não
precisava ser pedida,
Por ser disponibilidade,
E, como não soube compreender,
Roubei uma fagulha pensando
Que estava juntando um pouco da tua
felicidade...
O tempo passou pelo esfarelar
Do espelho quebrado que
Multiplicou a imagem de quem o
agrediu.
Nele, eu via as estações mudarem
Sem me importar com o frio ou com o
calor;
Me permiti revirar baús,
Reencontrando anotações
Em que brotam lembranças e sorrisos
tortos;
Bilhetes em meio às páginas dos
livros,
Acompanhados de fotos
Que acaricio no esforço da
lembrança
Em cores que também esmaecem.
O tempo é a morada dos espíritos.
Na espera pela manhã,
Permite que se estenda a mão
E acaricie o sonho.
Conforme traça o destino,
Vai deixando sombras
Exatamente no chão por onde
As estrelas ainda teimam em traçar
caminhos.
Na certeza de que também tem um
tempo
Em que é necessário pensar em
voltar para casa...
Um comentário:
Muito bom o texto, gostaria de saber o autor.
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