Por favor, não precisa me dar definições
Do que seja o amor.
Basta, apenas, contar histórias em que
Sentiste que ele se fazia presente,
Os momentos em que foi intenso,
Fazendo a diferença em tua vida.
Pode ser como na doce lembrança
Do pai que recorda a ocasião em que
Disse ao filho: “eu te amo!”
E ameaçou apertá-lo contra o peito
Com a pretensa fuga e a sensação
De que ambos gostariam de
Ocupar o mesmo espaço que
Entrelaçava seus espíritos e, depois,
Restou apenas o sentimento de saudade.
O amor é sentimento que transborda as palavras.
Precisa de todos os sentidos
Para que se vislumbre uma centelha.
Não admite cercas e barreiras
Necessita da liberdade em que as lágrimas
Tornam-se densas no desejo de que
O ser amado alce seus próprios voos.
O amante ou a amada que já não
Consegue penetrar em nossos mundos,
Sente-se confuso com os longos tempos
De ausência e de espera.
Deseja apenas um espaço em que possa
Depositar seu coração, abrigar a sua alma,
Sentir-se aconchegado, acolhido.
O amor não diferencia pais, filhos, amigos, amantes.
É presença não dita, que, repetida,
Torna-se, perigosamente, rotina,
Com o alerta de que se transforma no frio
Que atormenta o espírito
E aumenta o sentimento da ausência...
Quem não renova seus sentimentos,
Crendo que não precisa mais dizer
Palavras que parecem tão simples,
Empedernece, adoece,
Precisa de uma fagulha de luz
Que rompa a sua escuridão,
Desperte novamente o insaciável
Desejo de encontrar
A luz que emana do olhar de quem se ama.
É o mesmo que clama por um abraço,
Um afago, um beijo, um carinho.
Há momentos em que apenas um sorriso torto
É capaz de reestabelecer a energia
Que faz com que os sentidos
Contemplem o universo da saciedade e do prazer,
Capaz de dobrar os joelhos,
Deixar cair uma lágrima,
Estender uma súplica,
Reconhecer que amar é superar a solidão,
Deixar o escuro da noite
Que aperta o peito, com alguém
Que resgata o nosso próprio abandono...
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