Fui consultar meu analista e também meu orientador espiritual. Nenhum deles viu em meu caráter algum resquício das muitas palmadas que recebi quando criança e alguns safanões quando já estava chegando à adolescência. Na verdade, verdade verdadeira, não guardo nenhuma lembrança destas ocasiões, a não ser o porão que existia embaixo do balcão do armazém onde meu pai trabalhava, coberto por uma tábua, onde sentávamos até que a tabuada estivesse decorada e os temas terminados.
Creio que nossos deputados poderiam prestar atenção em coisas mais importantes do que institucionalizar uma lei que proíbe a palmada. Infelizmente, é mais uma lei que não vai pegar. Pais conscientes somente utilizam da palmada quando ela é o fim da estrada: a criança já esticou tanto a paciência e os limites que tem que entender fisicamente seus limites. Como dizia um pedagogo: "a palmada dói mais em quem dá do que em quem recebe".
Por outro lado, quem dá a palmada para ferir é uma pessoa doente. Então, a legislação não vai mudar seus hábitos. E, para isto, nossa legislação já prevê que pessoas que ferem outras, em qualquer idade, devem ser enquadradas enquanto criminosos, em diversos níveis.
A maior parte das crianças passa uma vida inteira sem ter ideia do que é uma palmada. Mas, algumas, precisam, sim, de um corretivo físico, que não significa agressão, mas os limites do respeito. Vamos dar crédito aos pais que lutam num mundo difícil para orientar bem seus filhos. Mas, também, vamos ficar de olho naqueles que batem pelo prazer de bater. Estes são doentes e, com certeza, vão criar futuros cidadãos doentes.
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