Não vais encontrar paredes.
Com certeza, não haverá um teto.
Dificilmente
Algum móvel estará no seu interior.
Mesmo assim,
Cintilará com
O cheiro dos raios do Sol ao
amanhecer
E a abóboda terá o recheio de risos
Que ecoam pelos vales e colinas.
Um santuário...
Não precisas percorrer estradas;
Procurar lugar
Em meio aos parreirais
Que revestem a encosta da montanha;
Aguardar que teu coração bata
No ritmo do repicar dos sinos...
A música que se desapega da nave
Prescinde dos instrumentos
E se associa à brisa do fim de
tarde,
Quando as últimas cores
Dão forma a um ateliê
Onde se desenham
As lembranças e se esculpem as
saudades.
O condão que desperta a magia
Pulsa no átrio onde se
Abandonam ansiedades e dores.
Não são as palavras que manifestam
As mais puras súplicas.
Elas se derramam pelos olhos
E tornam bentas as mãos
Que se juntam em prece!
A fé se alimenta da esperança
Ou a esperança se alimenta da fé?
Isto já não importa.
Dobra os joelhos,
Fecha os olhos,
Posta as tuas mãos...
Ali, quando
Pensaste que tua essência se perdia,
É o lugar em que, finalmente,
Encontras abrigo para o teu
espírito.
O oásis em que vislumbras a paz,
O santuário onde mora o teu
coração.
Relicário do teu silêncio,
Em que te revelas ao Mistério
E Ele acolhe a tua finitude.
O sacrário onde
A alma dispensa explicações,
Deixa-se imergir na transcendência,
E no simples fato de apenas viver da
fé...
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