sexta-feira, 22 de março de 2024

A ousadia de se perder na aventura

A lua deixa rastros

Com marcas na ondulação das águas.

Tempo de espera.

As redes estão postas.

O pescador abre o baú das memórias do mar,

Que conhece aqueles que tomam seu

Pulsar como bússola norteando destinos...

 

As lembranças se enfileiram

No breu da noite, onde se turva

O encontro entre o céu e o oceano.

Mergulhas

E, na volta à superfície,

Há um leque de luz

Em que a Lua dá contornos

Ao silêncio que murmura a melodia das marés.

 

As estrelas observam,

Com ciúmes das sereias

Que brincam ao teu redor.

Se ouvires o seu canto,

Não protege os ouvidos.

Deixa-te levar pelo encantamento.

Quando atraem um homem do mar

Sinalizam um farol

Que não ilumina o fim do caminho,

Mas o norte para o aventureiro.

 

No momento em que não houver sequer

Um ponto de luz no horizonte,

Saberás que ali começa um outro mundo,

Na imensidão em que ficaram traços do Infinito.

É o lugar onde,

Quando alguém se despede,

Fica a certeza de que,

Um dia, haverás de reencontrá-la.

 

Como uma oferenda que se entrega ao mar.

Ao terminar a terra dos homens,

Inicia o teu lugar do aconchego.

O porto que referencia chegadas e partidas.

 

Tão logo teu barco quebre

As primeiras ondas em direção ao desconhecido,

Superam a rebentação e

Te aspergem com as bênçãos das marés.

Terás as gaivotas por companhia,

Parceiras na busca pelo alimento

Do corpo e sentido da vida.

 

O olhar absorto ao longe

Chama para

Emergir dos teus sonhos.

Não te importa.

As lágrimas que mareiam teus olhos

Têm o gosto do destino.

A ousadia de quem se perde na aventura e,

No mar, traça o rascunho da própria vida!

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