Em 1970, completava 15 anos. É desta época as minhas mais remotas lembranças de preocupação com novas tecnologias. Acessávamos televisão com um número reduzido de canais, rádio em AM (amplitude modulada), algum jornal e revista de vez enquanto, e o cinema. Raramente, apareciam circos e teatros populares. Naquele ano, aconteceu a Copa do Mundo de Futebol e ganhei o primeiro radinho de pilhas, com fones, embora se preferisse andar com ele colado ao ouvido, especialmente nas partidas de futebol.
Olhava-se para o futuro sem muita expectativa. Parecia difícil se ultrapassar os anos 2000. Faltavam 30 anos... eram muitas águas passando! Pois elas vieram e se foram. Neste meio tempo, concretizou-se a maior revolução que a comunicação já teve. Os meios convencionais se expandiram, somando-se à informática, internet, robótica, holografia e, finalmente, a Inteligência Artificial. Talvez se tenha dificuldade em dizer o que vai acontecer, mas é preciso reconhecer que fomos, literalmente, atropelados.
Meu gosto por produção de texto levou a sonhar com o
computador e as alternativas que oferecia à máquina de escrever. Graças a isto,
cheguei a professor em Comunicação Social na UCPel. Novidades se empilhavam. Mais
importante do que estar atualizado, foi ajudar alunos a terem noção crítica do
que era necessário para desempenhar suas atividades. O encantamento precisava
dar lugar ao profissionalismo. Discernindo o meio como instrumento
potencializador da sua proximidade com o público leitor.
Aposentado, passei a compartilhar textos por jornais
e redes sociais. Infelizmente, depois de um tempo, o próprio leitor se acostuma
em receber periodicamente as produções e deixa de comentar. O que é pena, pois
quem escreve necessita de um retorno como forma não somente de “acariciar seu
ego”, mas de avaliação da qualidade, clareza e compreensão do que produz. O
período da pandemia foi o ponto alto do feedback dado pelos leitores que,
estando em casa, tinham mais tempo para interagir.
Quando o Google fez seus primeiros experimentos,
passei a utilizar o “Bard” e, depois, veio o “Gemini”. Aprontava um texto e já
submetia à Inteligência Artificial que faz uma dissecagem, análise do conjunto,
com sugestões de interpretação e da forma como pode ser utilizado pelo leitor.
É tudo o que se deseja de um amigo “vítima” dos nossos textos quando se quer outra
opinião, de quem se debruça sobre o que se produziu e se tem a expectativa do
que pode acontecer ao ser publicado, depois de deixar nossas mãos...
Meu caso com a Inteligência Artificial é recente.
Reconheço as críticas, mas exploro as potencialidades. Assim como o emaranhado
mundo dos computadores, não sei o que se passa na teia de neurônios de cada
leitor. Não custa repetir: a Inteligência Artificial é mais um dos meios
colocados à disposição das pessoas para que se possa viver melhor. Ao longo da
história, os detratores das novas tecnologias parecem como a raposa de Esopo, andando
por debaixo da parreira, sem conseguir alcançar as uvas, que estão lá, viçosas
e cheirosas. Simplesmente resmunga: “não as quero, elas estão verdes!”
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