sexta-feira, 8 de março de 2024

Avisa, quando puderes voltar para casa...

A espera é sentimento

Com a sensação de que,

Não importa o que aconteça,

Se anseia pela volta.

Quem aguarda

É alcançado pela magia que voa

Pela brisa da saudade.

 

Depois da partida,

Torna-se um tempo de mirar as lembranças:

Coloquei teus chinelos na soleira da porta.

Sentei no degrau da varanda,

Espiei o portão enquanto espero.

 

Dormitei

Encostado ao balanço,

Onde tantas vezes sentamos,

Na certeza de que

O rangido das dobradiças será

A música que anuncia a tua volta...

 

Talvez, antes de abri-lo,

Olhes o entorno, em busca dos

Ruídos e personagens conhecidos:

O alarido das crianças

Na piscina do vizinho,

O ladrar do cãozinho

Próximo da cerca,

A discussão da moradora da frente com os filhos.

Ecos de um passado que te diziam:

Chegaste em casa!

 

Ao retornar,

Restarão silêncios e lembranças:

Da vizinha bisbilhoteira

Que espiava por sobre o muro,

Do vendedor que batia palmas ainda na calçada,

Do entregador de cartas que já não vem mais... 

 

Ao afastar a cortina da varanda

Alongo o olhar e enxergo

A esquina por onde te via voltando.

Mãos nos bolsos, mochila nas costas

E o ar de quem queria apenas sossego.

Caminhavas devagar, sorvendo os últimos raios

De um sol que teimava em se esconder

Em meio às árvores da pracinha.

 

Restam poucas pedras no caminho

Entre o portão e a varanda.

Os verdes e as flores já não existem mais.

Terás dificuldades em abrir a porta...

 

Foi o tempo.

Passou como uma lufada que carrega

Sentimentos e destinos.

No eterno bem-querer das lembranças,

Aguardo. Sinto tua falta.

Só te peço:

Avisa, quando puderes voltar para casa!

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