terça-feira, 30 de maio de 2023

Educação, juventude, emprego, esperança...

Era um garoto com cara de gente velha... Passou por mim de bicicleta na avenida Francisco Caruccio, quase na ponte da sanga das Três Vendas (ainda se diz assim?). Parecia cansado e vacilou ao descer da bicicleta. Estava próximo e, instintivamente, estendi o braço para apoiá-lo. Não foi preciso, sorriu e perguntou se eu morava por ali. Estávamos no início do bairro Quinta do Lago. Disse que sim. A pergunta seguinte foi se haviam obras na área. Contei que passava por muitas nas minhas caminhadas.

Foi quando veio a surpresa: “queria entregar currículos”. Vinha de longe, tomara café cedo, e soubera de muitas casas sendo construídas. Contei que sim, já calculara cerca de 30 residências em diferentes estágios. De onde estávamos dava para ver ao menos em torno de dez obras. Pareceu mais animado. Tinha uma pasta na mão e ficou próximo da ponte arrumando alguma coisa na bicicleta. O enxerguei de longe, tomando o rumo das casas em que avistava pedreiros trabalhando, com muitos rapazes como auxiliares.

A filha de uma amiga contou que já conhece cada um dos atendentes dos serviços de busca por trabalho na cidade. A última vez foi a que lhe deu mais esperança. Preenchia todos os requisitos. Marcou entrevista e se encaminhou para a empresa de consultoria. Não foi considerada suficientemente qualificada. “Faltava-lhe experiência”. Experiência que não tem como conseguir se alguém não lhe der uma oportunidade. Seus estágios na universidade não eram suficientes. Teve que voltar para a fila de emprego...


O jovem pai de família ficou desempregado durante a pandemia e procurou de todas as formas nova ocupação. Tivera salários bons, até que a última empresa reduziu o número de contratados. “Bem acostumado” (acho errado dizer que se fica “mal acostumado”), procurava algo do mesmo nível. Mas foi preciso, primeiro, “limpar” seu currículo, porque sempre diziam que era “qualificado demais”. Depois, aceitar salário menor do que o que tivera, com carga horária maior se quisesse continuar a pagar suas contas.

Matutei a respeito do rapaz que entregava currículo para trabalhar como auxiliar de pedreiro. Num tempo em que cerca de sete milhões de jovens brasileiros não estudam e sequer trabalham.  Minhas lembranças são de quando garotos pobres conseguiam “bico” em serviços gerais, aprendendo a lidar com uma obra. Era assim no comércio e na indústria. Aprendizado que rendia o primeiro salário, auxiliar a família, estudar e ter algum dinheiro para a diversão com o futebol, bailinhos, encontros com as turmas...

A procura desorientada é “saltar” etapas da vida. Já é difícil viver a sequência. Triste quando se perde uma das mais bonitas, a juventude. Motivo de ser necessário que se tenha um bom lugar para amadurecer, na família e na escola. Políticas governamentais precisam garantir ocupação, orientação e, até, alimentação, de preferência em dois turnos, para não serem jogados no mundo do subemprego. Vale repetir: educação não é gasto, é investimento. O que está em jogo é muito sério: o futuro da própria sociedade...

domingo, 28 de maio de 2023

Reiniciar a vida em família

A vinda dos meus sobrinhos para morar no “condomínio” onde já estavam instaladas a Roberta e a Renata (no salão de beleza) mudou um pouco (bastante) a minha rotina. Chegaram, como já contei, o Elisandro, a Daniele, o Miguel e o Fredy. Este último, o cão de estimação. Mas foi o Miguel, com seus 8 anos, que, enquanto o pai não tem os horários acertados no novo emprego, precisa de apoio, especialmente quando o assunto é o horário de entrada e saída das aulas, no Colégio Imaculada Conceição.

Antes das aulas, visitamos as dependências da escola, na companhia da professora Iolanda, “velha” conhecida de atividades educacionais e da Igreja Católica. Matei saudade das dependências onde fiz a primeira série. Tinha, então, seis anos e completaria os regulamentares sete em junho, mas já pude andar pelos mesmos corredores, o espaço do recreio e a área arborizada com uma pequena cancha para as peladas, das quais, óbvio, eu estava fora porque sempre fui um autêntico perna de pau.


O horário de chegada não tem nada de especial, a não ser o carinho que a criançada tem com o porteiro, que cumprimenta uma a uma e as conhece pelo nome. A saída é um espetáculo à parte. No início ficava confuso: eram muitos pais e crianças numa “desordem organizada” que retém os mais novos dentro do prédio, até que chegue algum responsável. É uma festa em que se misturam merendeiras, mochilas, despedidas, recados, aqueles que estão saindo e os pais atrasados que congestionam a entrada.

Chegar em casa, à tardinha, quase sempre tem alguma coisa a fazer no pátio. O Miguel troca a roupa em alta velocidade e já tá perguntando se pode ajudar a “plantar”. Nem sempre é para plantar, mas, com a seca dos últimos tempos, é o tempo ideal para pegar baldes e regadores e dar uma esperança para as plantinhas. Lá vou eu, de balde, e ele com o regador para, aleatoriamente, aspergir as folhas. E fica de olho, porque onde ele fez o “trabalho”, ali já não posso colocar água. Enquanto ele não se distraí, é claro...

Disse num outro texto que é bom a gente ter na casa o gosto de família. Quando há uma criança que catalisa a atenção, como dizia meu pai, seu Manoel, “com um bicho carpinteiro” é certo que, quando não está por perto, à tarde, ou quando fica nos avós, nos finais de semana, o silêncio é maior até do que antes, quando não haviam outros moradores no prédio. Muita energia concentrada que, de vez enquanto, transborda nas “briguinhas” e nos “soquinhos” que têm a pronta reprimenda da avó e da mãe.

Família é um eterno tempo de ajuste e adaptação. Das coisas que parecem cansativas, mas fazem falta quando se ganha “folga”. Como dizia uma conhecida: “saímos eu e meu marido para jantar sozinhos e aproveitar um pouco e, durante todo o tempo, falamos nos filhos...” Até já achei que conhecidos tinham famílias perfeitas. Não é assim: Leva-se um tempo para entender serem as diferenças - que podem parecer imperfeições - que dão o gosto e o sabor de, todos os dias, reiniciar a vida em família...

sexta-feira, 26 de maio de 2023

Os fantasmas que rondam meu passado...

Lembranças.

Lembranças transformam-se em velhos sonhos

Que teimam em bater à porta das nossas mal dormidas noites...

Ficam escondidas em algum recanto da memória

E transbordam pelas beiras da mente,

Desafiando a interromper o seu rumo,

Como provocações,

Cintilantes e capazes de se transformar em devaneios.

 

Levam aos tempos de criança,

Correndo pelas ruas da minha vila,

Onde busco a velha casa dos meus primeiros anos,

A calçada onde juntava a garotada para jogar

Bolinha de gude, taco,

Futebol com goleiras de lata de óleo

E bola de meias velhas enroladas...

Com o jeito de um tempo em que ainda

Não havia a preocupação com o que seria o futuro.

 

Jovem, descobrindo uma sensibilidade

Que precisei sublimar para me tornar adulto.

Acreditei na cumplicidade de amigos

E na eternidade dos amores,

Quando os sonhos não tinham barreiras.

O amanhã era indefinido, mas isto não importava.

 

Um longo intervalo chamado de "tempo de ser adultos".

Um mundo do que me disseram serem

Responsabilidades e compromissos.

Quando não consegui entender

Porque precisava deixar para trás

A minha infância e a minha adolescência...

 

Enfim, chegou a velhice.

Olhar para as mãos e pensar em

Quando foi que elas enrugaram,

Qual foi o tempo que me levou o viço

E eu passei a ter este olhar

Perdido nas minhas recordações...

 

As lembranças perseguem

Sonhos que escapam por entre os dedos.

Têm uma textura agridoce,

Trazem de volta o melhor e o pior dos tempos idos.

 

O sentimento de que reviver é voltar a sofrer.

E de que virar a página não é fechar o livro,

Mas o jeito de ficar mais próximo

De aceitar que as memórias oportunizam

Fazer as pazes com as minhas lembranças.

E com os fantasmas que rondam meu passado,

E acabaram ficando insepultos no meu coração...

terça-feira, 23 de maio de 2023

A rua e a busca pela reinserção social

Há muito tempo que, nas conversas que faço com grupos religiosos e comunitários da sociedade, procuro diferenciar a atuação nos Meios de Comunicação Social e o trabalho interno nas instituições, que utilizam técnicas de comunicação. Meios de comunicação têm uma dinâmica própria e exigem preparação profissional. Pastorais da comunicação, por exemplo, ligadas às Igrejas Cristãs, demandam disponibilidade e boa vontade para atuar, especialmente, como facilitadores do convívio e da reinserção social.

Não pude deixar de pensar nisto quando vi a notícia de que a Prefeitura de Pelotas, junto com a Organização Não Governamental Vale a Vida e a Organização da Sociedade Civil Gesto, iniciou mutirões de abordagem social para atender aqueles(as) que estão em situação de rua e vulnerabilidade social. Servidores e parceiros percorreram a cidade para localizar, mapear e estabelecer vínculos com estas pessoas. Se possível, inseri-las nos serviços socioassistenciais e demais políticas públicas que o Município possui.


Um primeiro gesto foi o oferecimento de cobertores, já que o clima noturno se apresenta com temperaturas mais baixas. Mas a atuação avança quando demonstra preocupação com a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes e aqueles que utilizam as ruas para morar e/ou sobreviver. O Centro de Promoção e Defesa dos Direitos da População em Situação de Rua – Centro Pop - disponibiliza acolhimento, guarda de pertences, higiene, alimentação e providenciar documentos.

Não conhecia, mas acompanhei matéria veiculada no final de semana e vi a gama de serviços que precisam, efetivamente, da confiança de uma parcela da população que tende, por si só, a ser desconfiada. Encaminham “serviços socioassistenciais e demais políticas públicas que possam contribuir na construção da autonomia, da inserção social e da proteção às situações de violência. É oferecido trabalho técnico, orientação individual e grupal, e atendimento individualizado com assistente social e psicólogo.”

Proporciona endereço para referência em cadastros. Não menos importante, recebe acesso ao Restaurante Popular. É uma gama de serviços que demanda, para além da qualificação técnica, sensibilidade para lidar com aqueles e aquelas que foram, de alguma forma, judiados pela vida. Durante a pandemia, grupos religiosos e sociais fizeram um trabalho, especialmente de alimentação, e sentiram todas as carências e as muitas dificuldades em atendê-los. Já se percebia que alimentar era apenas um início...

Serviços públicos e parcerias sociais vão levar um tempo para esta proximidade. Não há soluções imediatas enquanto estas pessoas não se convencerem de que podem, sim, sair desta situação. São histórias comoventes e mostram a vida dura que leva quem é considerado “desocupado” por opção. É difícil alguém que não tenha tentado tudo que lhe era possível até chegar ao fundo do poço. Infelizmente, existe uma linha fronteiriça que, depois de ultrapassada, cobra um preço muito alto para a sua reinserção social.

domingo, 21 de maio de 2023

De quem você cuida?

Este semestre por motivos de saúde não estou aceitando convites para palestras ou cursos. Mas, quando voltar (e eu espero que seja a partir de julho) gostaria de iniciar conversas fazendo esta pergunta: “de quem você cuida?” Entidades sociais como as religiosas, associações, grupos de serviços poderiam tornar público lembretes com a mesma questão. Um alerta para os seus membros, não importando a idade, a função, a situação social. Cuidar inclui ficar atento, importar-se, facilitar e humanizar as relações.


Vou chamá-los de João e André. A mãe conta que, desde pequeno, João, o mais velho, tinha um cuidado especial com o irmão mais novo. Havia momentos, no pátio, em que ficava sentado próximo para cuidar da segurança do seu mano. Quando este choramingava durante a noite e iam até o quarto dos meninos, já o encontravam atento ajeitando as cobertas e repondo o bico na boca do menor. A diferença era de dois anos, apenas, mas o zelo tinha algo de especial que levaram algum tempo para entender...

Quando foram para a escola, João não se importava que o irmão pegasse a sua mão até chegar ao portão. Muitas vezes ia até a entrada da sala de aula, esperava no recreio e voltavam juntos para casa. Nos primeiros dias, as dificuldades do mais novo levaram-no a ser motivo de brincadeiras e zombaria por parte dos colegas. Foram os professores que repararam na dificuldade de concentração do menor. Levou algum tempo para perceberem outros sintomas se manifestando e o diagnóstico confirmou ser um autista...

O tratamento não foi fácil, especialmente para a mãe, que, de toda a família, encontrou no mais velho o apoio emocional e suporte para fazer a vida do outro filho o mais próximo de uma vida normal. Adolesceram e ficaram jovens juntos, com o mais novo imitando muitas vezes o comportamento do outro. Quando casou, quase teve que levar André na lua de mel... Isto não foi necessário, mas o novo casal percebeu que os pais envelheciam e, possivelmente, o primeiro filho que teriam seria um filho de coração...

Possivelmente, cada um de vocês sabe alguma história parecida. A pergunta que fiz: “de quem você cuida?” é um antídoto para quem, constantemente, se vitimiza, dá desculpas para fugir às próprias responsabilidades, especialmente com a família. Mas também no convívio social, onde, cada vez mais, as pessoas estão carentes e necessitadas de atenção, seja o porteiro do prédio, que espera um simples bom-dia, ou a senhora da limpeza, que cuida o corredor e a rua, merecendo, ao menos, um olhar e um sorriso. 

É muita pobreza gravitar na volta do próprio umbigo. Cuidei de meus país por mais de dez anos. Foi o maior aprendizado que tive, como já contei. Depois deles, preciso, ainda aprender, nem que seja ao ser escalado para ser "tio maneca uber" (levar ou trazer um familiar de algum lugar). É um tempo de muitas carências em que se quer atenção e não atender ao outro. Cuidar é uma prece que Deus ouve - mas dela não necessita - e sabe que faz bem quando as palavras viram ação, recheadas com gestos de amor e de afeto...

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Acalma o meu espírito

Um dia vou pegar um cajado

E me tornar um peregrino,

Pelo rumo que o destino traçar...

Não quero delimitar o tempo, o lugar,

As minhas pretensões.

Apenas andar.

Por onde vou passar? Não sei.

Quem vou encontrar? Também não sei.

Vou me sentir feliz? Quem sabe?

 

Vem comigo. Tem muitas coisas que a gente só

Compartilha enquanto se está na estrada.

 

Podemos espiar pelas portas e janelas

O aconchego das casas, dos bares, das igrejas.

Ver gente que toca a vida

E faz festa, trabalha, reza e morre.

Segue o curso do tempo

Entre uma quermesse, uma procissão e um funeral.

 

De uma colina, contemplar o horizonte,

Enxergar um vulto que, ao se tornar mais próximo,

Toma forma e vem ao encontro.

Tu me disse que há sempre uma curva na estrada

E que nela a gente poderia se reencontrar.

Vou apenas repousar numa encosta,

Mirar ao longe e te esperar,

Agradecendo porque, não demora muito,

Posso ficar bem pertinho de ti.

 

Quem sabe, diante de uma capela,

Nos quedemos em contemplação.

Dobrar os joelhos sobre a pedra fria,

Sentir a paz que as boas vibrações

Passam por cada fibra de nossos corpos.

Mistério dos mistérios ao ouvir

Os sons que a brisa dedilha

Nas árvores desde toda a Eternidade...

 

Ver balões que sobem ao infinito,

Parar onde nosso olhar alcance o horizonte,

Vê-los imponentes, silenciosos,

Desenhando nos céus a pintura de um artista,

As imagens se formando ao doce sabor do vento.

 

Vou confessar que a caminhada

Fez com que ficássemos mais próximos.

E que todas as minhas inseguranças

Desabaram quando senti tua mão sobre a minha.

Todas as minhas angustias desapareceram

Quando te conheci.

 

Descobri que há um fio entrelaçando

O destino das pessoas que se amam.

Só assim se pode ser andarilho

Dos lugares ermos das memórias.

E que, no final das contas, já não há mais pressa.

Dizem que é porque ficamos mais velhos e experientes.

Nos ensinaram que deveríamos ser "adultos".

Mas eu sabia: Foi por ti que eu esperei,

Sentado à beira do caminho.

Ali era o lugar certo para

Encontrar a sinfonia que cura os corpos

E dá a paz a um espírito atribulado...

terça-feira, 16 de maio de 2023

Por onde andam a moral e a ética?


A Operação Penalidade Máxima, desenvolvida pelo Ministério Público de Goiás e a Confederação Brasileira de Futebol, mais recentemente, com o apoio da Polícia Federal, investiga a manipulação de resultados e o esquema de apostas no futebol brasileiro. Ganhou destaque nacional pois já resultou em prisões preventivas, com jogadores, dirigentes e pessoas que atuam neste esporte investigados e denunciados. Infelizmente, não vai acontecer, mas poderia ser uma boa oportunidade para se discutir moral e ética.

Esta não pode ser apenas uma discussão acadêmica. Mas elementos que estão na vida de um cidadão cada vez mais decepcionado com as suas representações sociais. E o futebol é uma delas. Para discutir, precisamos de definições, já que, se pode dizer, “a moral é o conjunto de normas que orienta a maneira de agir das pessoas dentro de um contexto específico. Por conta disso, estamos falando de um conceito de caráter particular e que se baseia, sobretudo, em hábitos e costumes (poderíamos estar falando em cultura?).”

E a ética? Bem, ela funciona como a racionalização da moral. Educadores batem seguidamente na tecla de que, para haver uma moral e uma prática da ética que se adeque ao nosso tempo é preciso ter referências. Vale a pena repetir que os valores de cada pessoa nascem do grupo familiar e social onde são criadas: família, vizinhança, escola... Um terceiro elemento fez parte do processo de educação: as religiões, em especial as cristãs, que ficavam num espaço intermediário entre a família e a escola.

Eram referências na formação e serviam de elemento agregador.  Religiosos estiveram no patamar de confiança dos militares, por exemplo. Pesquisas realizadas até a década de 80 davam conta de que as igrejas e o Exército eram apontados pela população como merecedores de confiança. De lá pra cá, despencaram. A Igreja Católica enfrenta concorrência, em especial das igrejas neopentecostais, e se vê envolvida em diversos escândalos, assim como empobreceu a preparação pastoral e intelectual de seus quadros.

Infelizmente, o que estava ruim tende a ficar pior. O brasileiro tem sido decepcionado por aqueles nos quais deposita confiança (e os políticos sabem que eles foram os primeiros). Como se não bastassem os problemas educacionais e religiosos, explode o escândalo no futebol, que já não estava bem das pernas, em que o torcedor se vê motivado para vestir a camiseta quando deveria saber que é usado para marketing e promoção de produtos, recebendo menos do que paga, de forma direta ou indireta.

Pena que se precise falar em desportistas que deveriam ser exemplos da ética. A moral não é decorar “leis”. Na prática, a gente se espelha em quem está próximo, se introjeta valores e referências que, aprendidos no tempo certo, balizam comportamentos. A ética precisa estar refletida em nossas ações, com normas que estimulam o bom convívio e o respeito pelo outro, sendo honestos, íntegros e justos. Pode ser difícil, mas é preciso que se persista até mesmo quando parece que ninguém mais está dando o bom exemplo...

domingo, 14 de maio de 2023

Coisa de Mãe...

Acompanhei algumas das atividades, especialmente escolares, onde as mães da família ou da vizinhança foram homenageadas. Num primeiro momento, pensei: "é sempre a mesma coisa". Como a vida, que se repete praticamente da mesma forma, mas que depende de quem a vive para ter significado e, muitas vezes, ressignificado. Pensei nas mulheres que recebem, hoje, todos os adjetivos (e são merecidos) como ser especial marcado por uma certeza: tem coisas que somente as mães são capazes de fazer!

A jovem assistente social visitou a casa geriátrica para conhecer a mulher de quem a mãe falava e cuidara dos filhos, em especial de um autista, e do marido, até morrerem. Depois, havia se recolhido à solidão, cansada e pensando que já não havia mais o que fazer. Fora guerreira, sem fazer nenhuma guerra. Arrojada, sem estar à frente de uma empresa. Referência, com seu discurso mais forte sendo pontuado por silêncios. Já não falava, mas ainda tinha muito carinho no jeito como a olhou e segurou as suas mãos.

 

No grupo de idosos, fizeram uma oficina sobre o usos de recursos do celular. Até então, servia apenas como telefone. A partir dali, descortinou-se um mundo muito diferente. A idosa se encantou com a possibilidade de mandar mensagens de voz. Foi auxiliada a enviar a primeira e depois não parou mais. Tinha endereço certo e repetia: "Filho, a mãe te ama." Esperou resposta que não veio. Depois do seu enterro, o filho voltou para casa e percorreu a caixa com as mensagens da mãe. Dezenas, sem terem sido respondidas...

 

O neto mostrou-lhe um desenho em que aparecia um idoso e uma criança, ambos com andadores. Com a frase: "o começo e o fim são semelhantes. Aproveite o intervalo". Entendeu a mensagem, mas não quis comentar, porque sentiu-se triste em pensar que a criança, de fato, estava recém iniciando e tinha a vida pela frente. No entanto, ela, com quase 85 anos, já estava se aproximando do fim. Compreendia que era preciso valorizar o "intervalo", mas não se podia desprezar ou minimizar o tempo que ainda restasse.

 

A vida não dá uma segunda chance para cuidar de uma mãe ou de um pai. É oportunidade que não volta. Uma experiência única. A melhor forma de aplicar a alteridade (o reconhecimento e o respeito das diferenças entre as pessoas), que se dá no cuidado físico, psicológico e espiritual de alguém que depende de nós por doença, debilidade, carência ou idade. Não existe melhor remédio para sair do “umbigocentrismo”. Os cuidados em que, muitas vezes, não há prazo, precisam de muita tolerância e respeito.

Não é se acomodar a uma situação e deixar que o tempo passe. Sequer se adonar da personalidade do outro(a), mas permitir, até o fim, que mantenha a própria identidade. Arrependimento e remorso, especialmente depois da morte, é próximo da omissão, um crime contra quem somente quis a felicidade dos filhos. Então, Se você é jovem, pense que um dia vai ser idosa... Se é idosa, aproveite. Envie mensagens para quem você quer bem, da forma mais simples. Pode ser apenas dizendo "filho, a mãe te ama!"

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Tem um caminho para chegar ao Céu...

Quando o Anjo da Guarda tomar minha mão

E prendê-la entre as suas para me dar confiança,

Vou respirar fundo, suspirar e me animar

A percorrer o caminho do desconhecido...

Não sei se a trilha será de luz,

Pode ser simplesmente um caminho,

Daqueles que tem por função não levar,

Mas trazer de volta as pessoas.

 

Por onde passar, haverá

Crianças com seu sorriso confiante

E olhar de inocência;

Adultos agoniados pela passagem do tempo,

Sôfregos na busca por respostas

Às suas eternas perguntas;

Idosos, assustados com o fluir da existência,

Certos de que não há o que recuperar

E já não sabem como ressignificar a própria vida.

E eu queria entender o que se perde pelas estradas dos anos...

 

Ao chegar, vou me encantar com o que

Já não precisa da ciência ou de religião,

Que ficarão no espaço temporal,

Onde se tem a necessidade de explicações.

Vou me atrever a perguntar se posso

Pegar um branquinho,

Sentar à Sua frente e pedir um dedo de prosa.

Já com a certeza de que fiz apostas erradas,

Me atrapalhando com as muitas possibilidades...

 

Vou gastar a Eternidade ouvindo histórias

Que foram vividas antes de mim.

Será uma mistura entre rostos conhecidos,

Outros nem tanto,

Na plenitude de almas em sintonia,

Uma festa para celebrar todas as vidas.

 

Haverá um momento de encantadora surpresa

Quando reencontrar aqueles

Que se transformaram nas minhas saudades.

Não será suficiente beijá-los.

Precisarei recuperar o quanto foram longas as suas ausências.

E rirão de mim, porque o tempo já não importa.

E me lembrarão que precisei de uma vida inteira

Para dar valor a pequenos momentos que se passou juntos.

 

Certo de que existe um caminho para chegar ao Céu,

Eu também vou estar voltando para casa.

Tenho a certeza de que, quando,

Ao transpor os portões deste Mundo,

A lágrima que se misturar com o meu sorriso, será a derradeira.

 

As palavras serão desnecessárias.

Não será mágica, não, sequer ilusão.

Vou acalmar meu espírito ao entender

Tudo o que se transformou em passado,

Ao me quedar encantado por Te ouvir

E perceber que há um Céu que principia na Terra,

Quando se coloca no horizonte a perspectiva

De ser e de fazer alguém feliz!

terça-feira, 9 de maio de 2023

Vacinação: para falar de uma cultura solidária


O fim da emergência sanitária com relação a Covid 19, pela Organização Mundial da Saúde, na semana passada, tem viés político e um outro administrativo, já que as medidas restritivas haviam sido suspensas ou caído em desuso em diversos países, inclusive o Brasil. Não pretendo entrar em detalhes ou discussões, mas, sabe-se, a pandemia, embora controlada, não foi vencida, precisando que se aprenda novas formas de cuidados pessoais, relacionamentos e preocupação com ambientes onde se vive.

Embora não se use a definição clássica, o que precisamos é criar uma nova “cultura” para as nossas relações. Se buscarem no Google, copiado de dicionários, vai encontrar a definição como sendo “a cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. O que é bem mais amplo do que delimitar apenas como atividades artísticas, por exemplo, como é comum de se fazer.

No último sábado foi o dia nacional de vacinação. No Brasil, já tivemos uma cultura da imunização, em especial de crianças. Um comportamento coletivo que levou a números que deixaram o país num patamar confortável de proteção. Até que o negacionismo gratuito fez despencar as estatísticas, com o resultado palpável de mortes pelo coronavírus. Pagamos caro por erros políticos e administrativos e ainda vamos pagar mais ainda com sequelas na economia, mas, especialmente, na saúde física e mental.

A cultura não é apenas uma expressão da sociedade, mas uma forma de ajudá-la a viver melhor. Pode-se falar na “cultura do respeito” e, no caso brasileiro, a “cultura da educação”. Que foca em valores e referências na família, vizinhança, escola, trabalho, o dia a dia...  Porque, o que se vê é uma “cultura do individualismo”, estimulada, ainda, por um pensamento sombrio do tipo “é preciso levar vantagem...” Uma forma de comportamento que estimula o preconceito com quem não segue a minha cartilha.

Educadores sabem que a figura emblemática para trabalhar com crianças e adolescentes é o paralelo com a própria cultura na natureza. O agricultor (educador), seleciona a semente, rasga a terra, semeia, rega, vê florescer, espera brotar do chão e acompanha o seu desenvolvimento. Traçando um paralelo, dá-se conta de que todas as etapas se fazem presentes no desenvolvimento humano. A formação de princípios é uma etapa delicada na relação com filhos, alunos e, especialmente, crianças de grupos de risco.

Vacina é, sim, um gesto de amor, que precisa estar dentro de uma cultura solidária. Como na virada para o Outono e Inverno, quando pessoas usam máscaras por suas debilidades e para não repassar o vírus da gripe. Detalhes que alimentam a cultura do cuidado pessoal e responsabilidade social. Em tempos de redes sociais, infelizmente, as mazelas são escanteadas para debaixo do tapete do photoshop. Mas não há recurso de computador que esconda a tristeza de um caráter mal formado e incapaz ser solidário...

domingo, 7 de maio de 2023

O Mestre e o Aprendiz: "Eu não tenho mãe?"

O Mosteiro das Nuvens fica a meio caminho entre a planície e o topo da montanha. Ali moram monges e aprendizes, com muitas crianças abandonadas pelos pais, que ganham abrigo. Naquele ambiente, vivem em paz, estudam, aprendem uma profissão e, quem sabe, tornam-se um religioso como quem as acolheu.

A única referência feminina é a empregada que trabalha na cozinha. Cuida de todos, mas, em especial, dos órfãos. Foi apelidada de "O Espírito que faz barulho". O motivo é que, à tarde, depois do almoço, senta-se à mesa, repousa a cabeça e, literalmente, ronca!


O Aprendiz chegou ao Mosteiro com quase um ano. Com oito, era desenvolto, inteligente, sagaz. Sempre que possível estava na volta do Mestre, questionando. Para o Mestre, motivo de um sorriso preocupado. Para os demais, um riso debochado (discretamente), pelas perguntas estranhas e cabulosas que formulava.

Depois da sesta, o Aprendiz entrou na sala e, sem dizer uma palavra, começou a andar ao redor da mesa de seu Mestre, que fez de tudo para mostrar que estava ocupado. Mãozinhas cruzadas nas costas, ainda pigarreou para chamar a atenção. Até que ouviu:

  • Pequeno menino, o que aconteceu?

Fez-se de rogado, esperou um pouco e disparou:

  • Mestre, o "Espírito que faz barulho" é minha mãe?

A aproximação do Dia das Mães levara a que se falasse a respeito, já que havia aprendizes que vinham da vila próxima e conversavam sobre o que iria acontecer em suas casas. Nunca fizera perguntas a respeito. Mas teve que responder:

  • Não, meu menino, o "Espírito que faz barulho" não é tua mãe (deu-se conta de que até ele usava a expressão jocosa que os garotos tinham para a colaboradora).
  • Então, Mestre, eu não tenho mãe?

Sabia que não poderia dar uma explicação que não fosse a verdade, pois ele, certamente, perceberia. Respirou fundo e tentou explicar:

  • Eu não sei se ainda tens mãe. Como te contei, nós te recebemos num entardecer de Outono, quando o frio já se fazia sentir e as estradas estavam largas e vazias. Alguém te deixou sentadinho no degrau da calçada. O Monge Porteiro disse que tu eras como uma benção da estação, a folha mais bonita que caiu de uma árvore à nossa porta.
  • Meus pais nunca me procuraram? Eu não tenho família?
  • Não procuraram. E eu não sei. O certo é que não eram de alguma vila próxima, senão acabaríamos sabendo. Mas não procuramos descobrir, porque eles já tinham seus problemas e nós te acolhemos como se fosse da nossa família.

O Aprendiz silenciou e ficou de costas olhando pela janela:

  • Eu queria ter uma família, especialmente, eu queria ter uma mãe...

O momento de festas comemorando o Dia das Mães fez com que as palavras cortassem fundo no coração do velho Mestre.

  • Filho, eu não posso te dar uma mãe, mas tentamos te dar uma família...

Depois de algum tempo, o menino voltou-se para o Mestre enxugando as lágrimas que corriam por seu rosto, com a manga do seu hábito. Era um sorriso dolorido e triste:

  • Eu sei, Mestre querido. Eu sei... Vou pedir ao Ser Supremo que a possa enxergar numa das tantas estrelas que a gente vê nos céus.

O Mestre recordou que numa ocasião, conversara com os meninos durante a noite no pátio e dissera que "as estrelas são o jeito que o Ser Supremo tem de manter as mães sempre junto da gente. Elas brilham como se fossem beijos que dão em nossos corações".

O menino saiu para o pátio. Com seus botões, o Mestre pensou:

  • Que motivos tinha o Ser Supremo para lhe entregar aquela pedra tão especial que se lapidava a cada dia e lhe deixava a sensação de que oferecera a oportunidade de, na dor e na ausência, criar sentimentos que compensassem laços humanos tão fortes, sem que, de alguma forma, tivesse perdido a ternura...

 

Queridas amigas e mães. Esta noite, olhem para os céus e procurem a estrela que as acarinhe por aquelas que lhes fazem falta e o lugar onde gostariam de estar para continuar amando seus filhos!

Que o Ser Supremo as abençoe, hoje e sempre!

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Me dá o direito de voar...

Quando te sentires cansado e sem rumo,

Será um momento crucial em tua vida.

É então que, muitas vezes,

A pressa e a pouca experiência

Não deixam ver rumos alternativos,

As portas que se abrem.

As estradas banhadas de sol são o prenúncio

Dos dias em que a chuva molhará a terra

E o seu perfume será o acalento para as tuas dores.

 


Nunca se está suficientemente maduro

Para compreender os rumos que se toma.

Então, qual foi o caminho que tu escolheu?

Se não souberes, não te preocupa.

Nos momentos mais significados, a vida é uma encruzilhada

E o sol da tarde pode surgir por debaixo das nuvens

Que antecipam a garoa que, na noite, fará renascer os campos...

 

Andar é uma sina.

Num instante, uma mão foi estendida,

Arrimou nossos passos,

Com o jeito de quem podia ajudar a sair do lugar,

Mas não conseguiria delinear o futuro.

O andar trôpego foi se afirmando

Mas nunca se deixou de precisar daquele olhar

Preocupado, que partilhava cada pedaço de chão conquistado.

 

Nem sempre os rumos parecem bem definidos.

Porém, confia. Confia em ti. Confia no Deus que te inspira.

Confia em quem te energiza e ajuda a definir as tuas opções.

São muitos os momentos em que se anseia por voltar atrás.

Se eu pudesse retornar no tempo,

Novamente, pediria um lugar no aconchego dos teus braços.

 

Perdi muito do que era essencial, olhando para o fugaz...

Não vi os passos que foram marcados na areia.

A onda e a memória brincaram com as minhas lembranças

Deixando um gosto sentido na mistura da maresia com as lágrimas.

Me ensinaram a regar todas as minhas frustrações,

Que foram tombando por terra,

Na esperança de que produzissem as flores e alegrassem os caminhos.

 

Descobri o quanto é importante manter os pés no chão,

Mas não abdicar ao direito de voar.

Descobri que nem todos os voos são iguais,

Ele é sempre um ajuste entre as lembranças e os delírios.

Descobri que não é a razão que dá asas à imaginação,

Somos frutos da inspiração

Que brinca entre o real e o imaginário...

 

Todo o caminho dá o direito a ir e voltar.

Retornar é percorrer as sendas que marcam as lembranças.

Revisita, sim, o teu passado,

Mas não faças dele o motivo para não conseguires andar.

Foi a Primavera que me colocou na estrada,

O Verão incentivou meus passos,

O Outono deu a noção dos meus limites

E o Inverno me fez sentir a tristeza de não conseguir voltar para ti.

terça-feira, 2 de maio de 2023

Liberdade, mentira e (des)informação

Um dos princípio básico da Declaração Universal dos Direitos Humanos é de que “todos são iguais perante a Lei”. E acrescenta: “sem qualquer distinção, a igual proteção da lei”. Infelizmente, repetindo George Orwell, em “A revolução dos bichos”: “alguns são mais iguais do que outros”. O que significa que, criada a lei, em seguida se pensa nas exceções. Por inúmeros motivos. É o que está acontecendo esta semana quando, finalmente, o Congresso Nacional começa a tratar dos atos golpistas de 8 de janeiro.


Também destrava investigação naquelas casas sobre fake News. Começaram as articulações de grupos religiosos e parlamentares para não precisarem estar sujeitos à lei. Como assim? Porque a exceção? Fake News é uma informação falsa, uma mentira fabricada e semeada, especialmente através das redes sociais, contra alguém ou uma instituição buscando prejudicá-la(s). Podem ser notícias que aparentam ser verdadeiras, porém, por terem dados distorcidos, induzem o leitor a confiar numa mentira.

A bancada evangélica pressionou o relator - assim como se declarou em público - sobre criminalizar a livre opinião. Se por “livre opinião” se convenciona chamar o que grupos que estão dentro destas novas igrejas (as cristãs tradicionais se mostraram mais críticas) utilizaram para divulgar barbaridades nas últimas campanhas, especialmente contra a honra das pessoas, então pode ser melhor, de fato, que se policie aqueles que se ocultam atrás dos símbolos religiosos para cometer crimes, inclusive de opinião...

Grupos de deputados hoje na oposição pintam o projeto como sendo uma forma do atual governo exercer censura sobre a sociedade. Querem mais “liberdade” para, no exercício do mandato, não serem atingidos pela lei. Como assim? Uma “mentira” dita da tribuna ou de um lugar público onde exerça o seu mandato deixa de ser mentira? As eleições de outubro do ano passado se transformaram num festival de notícias falsas, infelizmente, em grande número, vindas dos corredores e gabinetes do Congresso Nacional.

O combate à disseminação de informações falsas é um dos desafios do nosso tempo. Não bastam as instâncias político-partidárias se envolverem, é preciso que a sociedade civil seja protagonista e provoque a discussão nas suas bases. Umberto Eco, escritor italiano, chamou a indústria de fake News de “máquina de lama”. Especialmente quando tece a desinformação, respaldada por figuras conhecidas, dando-lhe viés de credibilidade. Confirmando que tem muito embrulho bonito que esconde o lixo social.

O medo é que, de toda a discussão, a montanha acabe parindo um ratinho... Uma notícia falsa, por mais que pareça sem importância, causa influência nefasta, propiciando um erro, desinformando parcela da população, especialmente mais pobre, que pouco acesso tem a alternativas de fontes. São exatamente estas informações que interferem na ação, tomada de decisão, posicionamento de apoio ou não de uma causa. O assunto é sério para que, agora, especialmente, não se esteja atento àquela que já foi a casa do povo...