sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Uma valsa para a Eternidade...

Não dançamos a última valsa.

Ainda lembro da primeira vez em que

Estendeste a mãozinha e colocaste

Teus pezinhos sobre os meus.

Bailamos pelo Mundo dos sonhos,

Enquanto sorrias com a confiança

De quem enxergava a vida como

Uma longa e bela estrada pela frente...

 

Foste a mais bela das garotas

Que debutaram aos 15 anos.

Tinhas a graça de uma mulher

Que descobre a existência e se encanta

Com cada momento vivido,

Sem a preocupação com ilusões e tristezas.

Bailavas como se a vida se curvasse a teus pés

E o futuro estivesse à tua espera.

 

O tempo, sempre o tempo, fez com que,

De longe, acompanhasse a tua história.

Encontraste um outro companheiro para bailar.

Chegaram os filhos e deves ter feito com eles

O que um dia fiz contigo.

Mas, num reencontro, ainda tinhas

O olhar pleno de ternura e de encanto.

Continuavas fazendo da tua vida um grande baile,

Continuavas acreditando que havia muito

Da tua história ainda por percorrer...

 

Ainda tenho presente o primeiro perfume que usaste.

Aquele em que te apresentaste como mulher,

Com a fragrância que te identificava,

Aquele que te fez amante e mãe.

No nosso reencontro, já havias mudado.

Tinhas o perfume marcante e suave,

Com jeito de quem sabe o seu lugar,

Superando fragilidades e desencontros.

 

Mas partiste.

Não sei que música tocava quando

Cerraste teus olhos.

Ficou o sentimento de que

Não dançamos a última valsa...

Seria a nossa valsa de despedida...

Quando o tempo foge do tempo,

Onde as lembranças chegam

Estimuladas pelo ritmo da saudade,

No compasso de quem segue,

No rumo da Eternidade.

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