Muitas e muitas vezes percorreste meu corpo de forma
distraída.
Noutras, foste sôfrego, avançando com intensidade
por cada espaço que tuas mãos alcançavam.
Ainda houve momentos em que me desprezaste,
Deixando-me de lado como algo inútil e sem sentido...
Nunca mudei. Mas também não consegui
que percebesse a profundidade
que nossa relação poderia ter tido.
Mesmo quando me acariciavas
Enquanto descansava sobre teu corpo,
Era sem dar atenção, que me tinhas em teus braços.
Em qualquer situação, nunca me ouviste reclamar,
Pois mesmo não entendendo teu jeito de ser,
Preferia pensar que um dia me darias valor
E, enfim, poderíamos fazer a conjugação perfeita...
Percorrerias minhas páginas como
Quem bebe do mais sublime dos prazeres.
Começarias por sentir que eu
Docemente me acomodo em tuas mãos,
Que meu perfume recende ao perfume das florestas,
Que percorrer minhas linhas tem o toque da vida
Que escorre por parágrafos, páginas, capítulos.
Todos os sentidos, em especial as carícias, e todos os
devaneios...
Voltarias a dormitar comigo descansando em teus braços.
E eu acalentaria teus sonhos,
Te fazendo percorrer mundos que apenas
O encantamento e a imaginação conseguem dimensionar,
Sem que se precise diferenciar a realidade da fantasia.
Não me abandones num canto sozinho.
Faço parte de todos os tempos em que encontras
Razão para a tua vida.
Sou um pouco da estrada que percorres,
Sou parte da claridade que te mostra caminhos,
Sou o bastão que, em muitos momentos,
Reforça a energia necessária para não desistir.
Na imprecisão das palavras,
Sou a quem sempre retornas
Quando já não és capaz de encontrar
O que garimpaste em mundos para onde fugiste:
Sou o teu e o meu sentido de existir...
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