O período que antecede as eleições de outubro tem a marca da indiferença. As pesquisas junto à população demonstram que ela não acredita que a solução dos problemas esteja nas classes políticas, executivo e legislativo, assim como no poder judiciário. No entanto, estas categorias são, sim, responsáveis pelos seus problemas. Recentemente, o caso do reajuste do poder judiciário, assim como os “super salários” conseguidos por parcela dos militares, demonstra que tudo o que fazem é legal, embora beire o imoral.
Num país em que muita gente não consegue sequer o
salário mínimo (R$ 1.212,00), a suprema corte se dá ao direito de colocar como
teto salarial (R$ 46.366,00) a importância que referenda diversas categorias
públicas, que, rapidamente, se valem da lei para ganharem mais, o que equivale a
38 vezes a referência para as categorias da base. Algo é ilegal? Não, tudo é
feito dentro da lei, só que de tal forma que as categorias mais beneficiadas
dos agentes públicos aumentam o fosso da desigualdade social.
Uma instância que, até pouco tempo, tinha o respeito
da população, os militares, se envolveu em saia justa, com “jeitinhos” jurídicos,
e alguns tornaram mais polpudos seus rendimentos, com penduricalhos que, em
certos casos, fez com que, de uma única vez, fossem contemplados com quase um
milhão de reais! Para tudo se tem explicação, mas não justificativa. Em plena
pandemia, com dificuldades na saúde, alimentação e emprego, é deboche para quem
se jactou de ser “guardião da Constituição Federal” ...
A indiferença à volta dos políticos às ruas para procurar
um suposto apoio popular às suas intenções só não é maior do que o interesse
pela copa de futebol, no final do ano. O brasileiro mergulhou de tal forma na
descrença que até o seu esporte preferido perdeu a razão e a graça. Escândalos
semelhantes aos que envolvem políticos de diversos níveis também permeiam este
esporte, demonstrando que, mais do que uma indústria do entretenimento, se
tornou um lugar de atividades que pecam pela transparência.
Daqueles que ainda discutem (não agridem) política em pequenos
grupos ou pelas redes sociais há a preocupação com o baixo nível a que se
chegou, quase sempre culpando a população pelo desinteresse, apatia, pouco ou
nenhum conhecimento de causa. O alerta é correto sabendo que vai se ter uma
guerra de foice no primeiro turno e, havendo o segundo, será um “salve-se quem
puder”. Volta-se a uma tecla batida: a educação política se dá pelo
conhecimento e pelos exemplos. E o que se vê?
Dados apresentados podem ser contestados, mas não
negados. Pesquisas apresentam o perfil de um brasileiro que, para sobreviver,
não vê alternativa senão a indiferença. Embora se considere o sistema
representativo o melhor para a prática da democracia, atitudes nada republicanas
de políticos e quem gravita no entorno causam desilusão e frustração que levam
à apatia. Então, pergunto: além do Santo das Causas Impossíveis, existe algum Santo
das Causas Políticas? Se assim for, a hora é agora: “rogai por nós!”
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