terça-feira, 7 de dezembro de 2021

A pandemia e o rastro de dúvidas…

A discussão dos últimos dias envolve as autoridades municipais com o coração dividido entre a liberação para festas de final de ano (trazendo no rastro o Carnaval) e a precaução necessária com os problemas causados pela Covid. Em pauta, a África, mas, também, a Europa, onde o sentimento de que tudo ia bem abrandou as restrições e estão tendo que correr atrás para controlar novamente a pandemia. Situações diferentes, que deixam atordoadas até as autoridades médicas e científicas, comprovando que o vírus não é previsível e ainda se está longe de um mapeamento que o controle.

A pressão exercida pelos meios econômicos sobre quem deve decidir envolve interesses de todos os tipos, com argumentos que mostram a fragilidade do sistema, causador do desemprego, assim como a insegurança alimentar. Também por apelos falsos como os repetidos à exaustão de que “todas as medidas de segurança foram tomadas pelos organizadores do evento...” Basta olhar, por exemplo, para o que acontece no futebol onde até aparecem as máscaras quando ingressam nos estádios, mas somem, assim como se fazem as aglomerações. Fiscalização? Que fiscalização?

Hoje, se não se correm maiores perigos é porque a população já tem uma cultura da vacinação e não foi atrás dos negacionistas. No entanto, o perigo não está no número de vacinados, mas dos “sem vacina”, por “n” motivos, que podem ser ideológicos, mas tem muito de medo, relaxamento e ignorância. Enquanto não se prova ao contrário – e os números apresentados são a garantia – as vacinas mostram-se a salvação da lavoura. Pode-se precisar de mais tempo para responderem de forma efetiva, mas se constata que foram fundamentais na diminuição de internações e mortes.

Alguns argumentos são velhos e batidos. Um deles diz que se coloca a democracia em perigo quando se apela para medidas restritivas. Acontece que autoridades precisam atuar em situações extremas, quando há riscos para a sociedade. Quando alguém coloca em perigo a própria vida e de quem convive, é preciso tutela e responsabilização. Veja-se o que voltou a acontecer nas madrugas dos fins de semana, com acidentes causados pelo álcool, agora com uma novidade: deixam carros abandonados porque o lugar onde capotaram era “ambientes propícios para assaltos…”

Com todos os problemas que se tem, um deles na área da educação, por onde deveria passar a conscientização, é um milagre que coisas piores ainda não tenham acontecido. Aglomerações na madrugada, festas que fogem à fiscalização, aqueles que seguem, ao menos, com o uso de máscara quando precisam entrar em algum ambiente fechado, mas a descartam em seguida… O que não significa que estejam convencidos de que é o melhor. Ainda há um sentimento de que isto acontece por fatalidade com os outros, mesmo que os outros sejam vizinhos, conhecidos e amigos.

A pandemia deixa um rastro de dúvidas. O quadro, no fim de ano, é desanimador. Técnicos e cientistas percorrem um labirinto. Quando pensam que acharam o caminho, há uma derivação e é necessário retomar, sem abrir mão das conquistas. O flagelo que se abateu sobre o Brasil e levou mais de 616 mil vidas ainda é sinal de alerta. Não se precisa do retorno deste martírio. Que se façam festas em 2022, 2023, 2024, ou quando der. Agora, não. É tempo de contar os mortos e sequelados. Buscar uma luz de esperança que dê sentido a todas as festas que a vida ainda pode proporcionar!

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