terça-feira, 21 de dezembro de 2021

O caminho apontado pela Estrela…

O menino mais novo do grupo era sempre quem preparava a fogueira do acampamento. Percorreu os arredores em busca de lenha e gravetos. Anoitecia e, em seguida, os homens voltariam com o rebanho. No horizonte enxergou, novamente, a Estrela que aparecera nas últimas noites. Estranha, mais brilhante, com uma coloração que as outras não tinham. Concentrou-se no trabalho. Estava com medo de que, em meio aos gravetos, encontrasse alguma cobra ou aranha. Na encosta do morro, o frio chega mais cedo. Precisava preparar e aquecer uma panela de água para a janta.

Quando estava ao redor do fogo, ouviu que os homens comentavam a respeito da Estrela que, agora, estava parada acima das tendas. Paciência. No inverno, a noite era longa e queria dormir. Enquanto os outros ainda conversavam, encostou-se no irmão mais velho e no pai para se manter aquecido. Foi na madrugada que o acordaram: “depressa, depressa, tem um homem de branco falando com o pessoal!” Meio zonzo percebeu ao longe os pastores concentrados olhando em direção da vila de Belém. O pai voltava, com uma expressão de felicidade e lágrimas nos olhos: “nasceu, nasceu!”

Pensou com seus botões: “mas que estranho. Não havia nenhuma mulher grávida na família ou entre as vizinhas”. O irmão lhe explicou que o homem de branco apareceu no meio deles e disse: “não temais, porque vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo, pois na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será dado por sinal: achareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura!” A noite ficou ainda mais iluminada e muitos outros homens de branco vieram cantar com o primeiro.

Trancaram as ovelhas num cercado de pedra e apagaram a fogueira. Os pastores já estavam reunidos. Haviam reforçado as mantas, pegaram os cajados e tomaram o caminho que os levaria até a vila. A Estrela continuava sobre eles, vagarosamente, seguindo em direção a Belém. Não sabia porque, mas estava com medo e com frio. “Que coisas mais estranhas estavam acontecendo”. Na pequena fila de homens simples e que sempre caminhavam conversando muito, hoje era diferente. Ficou atrás do pai e do irmão mais velho que seguiam pelo caminho em silêncio.

A Estrela parou sobre o estábulo de um vizinho. Ao chegarem perto, ouviram vozes. Abriram a porta e viram que um casal havia se abrigado bem no fundo, no lugar onde o frio era menos intenso. Tinham preparado o cocho com palhas. Onde era servida a ração dos animais havia um pano por cima, como se fosse um berço, e uma criança, um menino. Era uma cena diferente de tudo o que já tinha visto. “Como uma criança estava abrigada entre seus pais, numa estrebaria, enfaixada numa manjedoura?” Ficou para trás, e somente se animou a espiar sob o braço do irmão.

A Senhora o viu e o chamou. Encolheu-se. Até que foi empurrado pelo pai. Ficou parado, vendo as mãozinhas que se estendiam para ele. Ouviu da mãe a saudação: “que a bênção do Todo Poderoso esteja contigo, meu menino”. Não era apenas dela que vinha a voz. Impossível, a criança não podia estar falando. Tinha medo de tocar. Sentia a doçura com que mãe e filho o atraiam. Na beira do fogo, muitas vezes, ouvira os adultos falarem a respeito Daquele que seria a redenção de Israel. Estava ali, brincando com a sua mão. O caminho apontado pela Estrela havia indicado o Salvador!

Feliz e abençoado nascimento do Senhor!

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