Doações chegaram de diversas regiões. Veio a carne e também doações em dinheiro que melhoram substancialmente a vida da família. Suficiente para reverter, por agora, uma situação que estava se tornando crítica. A pronta repercussão através da internet tirou o Hector e a sua turma do anonimato. Contrariou o papa Francisco, de que ele veio do “fim do mundo” (e nós estamos ao lado), lugar perdido e esquecido para onde a sociedade não volta seus olhos. Não é assim, especialmente quando há um fato sensível e curioso, envolvendo crianças, então, existe uma forte reação.
E os demais “hectores”? Milhares pelo Brasil, fruto da pandemia e desagregação econômica e social que se vive. A proximidade das festas torna as pessoas mais dispostas a colaborarem em causas pontuais… mas, no dia 3 de janeiro, a vida continua e será necessário mais do que uma mobilização localizada para atender aos apelos de uma situação concreta pelas redes sociais. São muitas as “histórias” que se repetem desde que o ex-ministro Delfim Netto disse que era necessário aumentar o bolo para só depois repartir. Discurso que se mostrou enganoso e ainda persiste…
Pode-se fazer longa e penosa discussão sociológica, política, econômica… mas, o que mais preocupa, desde que me senti capaz de olhar criticamente a realidade brasileira é a falta de Justiça. Sim, com maiúscula, que perpassa todas as áreas e faz com que as relações, de todos os tipos, sejam de transparência, que alça todo e qualquer brasileirinho à condição de cidadão. E cidadão de primeira grandeza e não o que a justiça, sim, com minúscula, mostra em suas atitudes em que alguns a compreendem – e dela se beneficiam – e outros são, simplesmente, “atores secundários”…
Os desvios de recursos, as obras superfaturadas, caixa dois, orçamentos secretos são dutos que privam o brasileiro, há muito tempo, da dignidade de não precisar da caridade para viver e tocar a vida dos seus. Mas como? Se temos uma justiça que se diz preparada e com legislação apropriada? Infelizmente, para nós, leigos, tristemente enrolada e confusa, causando perplexidades nas suas idas e vindas de decisões que parecem contraditórias, sempre em prejuízo da população que já cansou, desistiu e conformou-se em afirmar que a “justiça é para quem tem dinheiro!”
Entidades sociais, religiosas e grupos se esforçam para que as festas sejam passadas com dignidade em lares pobres. Que haja o elementar - comida na mesa - mesmo com a ausência de guloseimas e brinquedos. Lugar onde deveria acontecer a presença da Justiça dos homens. As crianças expõem nossas chagas sociais nas cartinhas que escrevem ao Papai Noel. O pedido de um pedaço de carne, ou da vacina para a sua idade, mostra que lhes tiramos um direito elementar no Natal: a confiança de tempos melhores para si e suas famílias e o sonho que alimenta a própria esperança!
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