De todos os setores, especialmente da economia, vieram as costumeiras críticas. Mas foi sintomático perceber que da área política se teve quase um suspiro de alívio, porque alguém bancou aquilo que a sociedade com mais informação e melhor preparada sabia há algum tempo que seria necessário. Infelizmente, manobras políticas e eleitorais, bem como maus exemplos de figuras públicas – vide Carnaval e eleições do ano passado – fizeram o prenúncio do quadro que, hoje, torna macabra estatística em que, de cada dez pessoas entubadas, seis não voltam para suas casas…
A própria flexibilização, que permite aos prefeitos, estando numa bandeira mais avançada, trabalhar com as liberdades da anterior, causou confusão na cabeça das pessoas. A pergunta que mais se ouvia era: “afinal, pra que serve uma classificação, se está se usando os critérios da outra?” Verdade, para o entendimento das pessoas mais simples causou perplexidade e dúvidas e, gradativamente, foram caindo na vala das coisas públicas sem sentido, que já se tem bastante no dia a dia.
Os prefeitos apostaram na negociação para ampliar o número de leitos, sem compreender (?) que tratavam das consequências e não da origem do problema. O anúncio de que fiscalizavam não é comprovado por parte das pessoas que tentou denunciar aglomerações e sequer foi ouvida. Estes ouvidos surdos estão estressando os profissionais que, em muitos casos, ultrapassam seus limites e levando a que as mortes comecem a acontecer às portas dos postos de atendimento e hospitais…
A advertência de Leite é para que se volte à consciência dos primeiros tempos da pandemia, quando as pessoas perceberam a gravidade do momento e, assustadas, queriam colaborar. Concordo, mas, passado um ano, isto já não é suficiente. O confronto de opinião entre presidente, governador e o prefeito de Porto Alegre, por exemplo, fizeram muitos desprezarem as normas e se julgar acima do bem e do mal. Momento propício e necessário para que quem tem a autoridade efetivamente a use.
O gargalo nos leitos demonstra o colapso do sistema de saúde, pressionando quem atende nas ruas até os profissionais das UTIs. As mortes cada vez mais próximas podem ser o elemento pedagógico que estava faltando, neste período de isolamento forçado. Sendo verdade que “a dor ensina a gemer”, já estamos sentindo a ausência de entes queridos que poderia ter sido poupados. Tornaram-se estatísticas, sacrificados no altar da indiferença, do descaso, da omissão e da incompetência…
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