Depois de tão aguardada, a vacina, finalmente, chegou e existe uma ânsia em ver os seus resultados. Embora a experiência do Brasil com outras vacinações, o processo tem se mostrado lento, causando expectativa de que se leve ainda alguns meses para completar a cobertura necessária para conter o coronavírus, convencer a população de que ainda é tempo de cuidados e que o discurso de que muita gente já foi infectada e, portanto, está imune é conversa para colocar idosos e grupos de risco em perigo.
O cenário mais provável para os próximos meses é de crise econômica, já que o coronavírus não é somente uma questão ligada à saúde pública, mas também implica na economia. O que se vê no horizonte é um grande sinal de interrogação da forma como o mundo vai se encontrar quando se tiver, enfim, números capazes de indicar, não o fim, mas o controle da pandemia. Não é preciso ser especialista para ver que já há uma forte influência negativa sobre a produção e a demanda dos mercados, em nível internacional.
À boca pequena, conhecedores comparam com a quebra financeira de 2008 e, para os mais audaciosos, a grande depressão de 1929, projetando uma contundente queda (e quebra) na economia global, especialmente dos mercados do terceiro mundo que estavam em ascensão. Com certeza, este é um cenário inédito para grande parte da população, que viu, além do sofrimento pelas perdas e sequelados, a diminuição do poder de consumo e, em consequência, a perda da qualidade de vida.
Raríssimas pessoas, passando dos 100 anos, tiveram chance de viver, ainda criança, uma situação de emergência global da saúde, desde a Gripe Espanhola de 1918. Embora se tenham registros do que aconteceu e do que foi feito, a forma e a proporção que tomou esta pandemia (até pelos recursos e facilidade de deslocamento entre países e continentes) está sendo uma oportunidade de repensar as relações de trabalho, mas também os cuidados em nível internacional, tanto pelo trânsito quanto, no Brasil, pelas fronteiras.
Literalmente, fomos atropelados. Um ano atrás, sequer pensávamos que, hoje, estivéssemos à espera de uma vacina e já tentando projetar o “novo normal”. A percepção de que tudo muda muito rapidamente já que estamos globalmente conectados. Mas é preciso estar preparado e a lição que emerge das “cinzas” é a de que a crise, de fato, traz oportunidades para quem não se deixa abater. Como em todos os tempos, depende muito mais de cada um estar preparado e saber prospectar cenários, respirar fundo e dar a volta por cima.
Muitos dos melhores remédios são amargos, necessitando diluir ou tomar de forma dosada. Mas não desistir. Em caminhos difíceis, avançar em alguns momentos e retroceder em outros, evitando danos maiores e olhar o conjunto da situação. A meta pode não ser a “conversão” de toda a sociedade, mas a oportunidade para o ser humano que acredita num recomeço. O jeito certo? Quem sabe? Emergir, na pandemia, é a beira da madrugada - a parte mais escura da noite – com a esperança que se renova, ao surgir um novo alvorecer!
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