terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Vacina: um jeito simples de se viver mais

Antigamente se dizia que se quisesse passar por mentiroso bastava falar do tempo, o que sairia de uma barriga grávida ou da urna eleitoral. Pois, hoje, os três são plenamente previsíveis, mas… se apresenta uma outra questão que pode fazer você passar por enganador: a vacinação. Sexta-feira, no programa Hora Marcada, em que participo com o Sérgio Correa e o Luiz Carlos Vaz, informei o que havia lido de que os lotes de vacina que chegaram aos municípios deveriam ser divididos em dois para dar oportunidade a que os grupos recebessem a primeira e a segunda dose, no devido prazo.

Nem chegou ao fim do dia e o governo federal anunciou orientação diferente: gastar todas as doses na primeira rodada, com a certeza de que, no prazo necessário, alcançaria o suprimento. No início da semana, com o quadro piorando em todas as regiões, os prefeitos vão ter que tomar uma decisão indigesta: não confiam em que o governo federal cumpra com sua promessa, mas têm a pressão de diversos setores para que empurrem esta tartaruga que, de tão devagar, está quase parando...

Depois que os chineses fizeram seus primeiros experimentos contra a varíola, no século 10, Edward Genner percebeu que moradores do interior, que pegaram a varíola bovina, tinham anticorpos necessários para a cura humana. A segunda geração das vacinas é que teve à frente o cientista Louis Pasteur. O pontapé inicial para que as autoridades se dessem conta da sua necessária produção em massa, tornando-se um elemento fundamental na prevenção de doenças no mundo.

Busquei no Google: “vacinas são substâncias biológicas introduzidas nos corpos das pessoas a fim de protegê-las de doenças. Na prática, elas ativam o sistema imunológico, ensinando nosso organismo a reconhecer e combater vírus e bactérias em futuras infecções”. Simples, assim. Mas enfrentou resistência... inclusive, no início do século passado, a que se chamou “revolta da vacina”, pela proposta de Osvaldo Cruz de imunizar toda a população do Rio de Janeiro contra a varíola.

Infelizmente, hoje, existe uma onda negacionista também nesta questão. Não basta a ignorância de boa parte da população, ainda se vê como joguete nas mãos de políticos com pouco ou nenhum escrúpulo, que preferem ver o circo pegar fogo a ajudar adversários a fazer o trabalho de bombeiro… O interesse coletivo é sobrepujado pelo individual, muitas vezes não tão declarado: perspectivas de campanhas eleitorais, divisão e ânsia pelo poder, com seus retornos financeiros…

A vacina é direito e obrigação. Já tivemos experiências, como a imunização de idosos, em 1999, quando convenceram muitos a não aceitar pois era intenção do presidente FHC matar os velhos para não pagar benefícios da previdência. Hoje, faz parte do calendário para todos, com mais de 60 anos. Porém, o que se percebe, nos últimos tempos, é um relaxamento. E voltam doenças já controladas. Não dê chances para o azar, informe-se e auxilie na prevenção. Para os idosos, é um jeito simples de se viver mais. Na sua maior abrangência, ela pode, agora, ajudar a sociedade a viver melhor!

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