A cada cinco anos, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs assume a coordenação da Campanha da Fraternidade que, em outros períodos, tem à frente a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Lançada na quarta de Cinzas (16), este ano reflete sobre “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”, com o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”. Trabalham juntas as igrejas Católica, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Episcopal Anglicana do Brasil e Presbiteriana Unida do Brasil, Episcopal Anglicana do Brasil e Sirian Ortodoxa de Antioquia.
O desafio é estabelecer o diálogo como melhor testemunho. Como explicam no documento base apresentado: “a fé nos lembra de que Cristo é nossa Paz e nos anima a prosseguir pelo caminho da unidade na diversidade. Com ela, afirmamos que a fraternidade e o diálogo são compromissos de amor, porque Cristo fez uma unidade daquilo que era dividido. A escolha por testemunhar a fé vivida em diversidade desafia-nos a realizar a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021”.
Recentemente, num diálogo na live Partilhando da arquidiocese de Pelotas, o reverendo Ramacés Hartwig e o padre Martinho Lenz falaram a respeito, dizendo haver mais coisas que unem os cristãos do que o que os separa, em especial, a possibilidade de rezarem juntos - um dos primeiros elementos a se falar quando se provoca uma reflexão/ação a respeito de “fraternidade”. O diálogo existe há tempos e precisa de homens e mulheres de boa vontade que sedimentem estes caminhos…
Especialmente neste ano, em que a fragilidade do sistema social e político vai jogar mais gente na pobreza e na miséria. Concretizar a solidariedade é o desafio não para quem se identifica como sendo de uma ou outra igreja, mas ser humano fraterno que acredita na presença de Deus quando concretiza a bondade e a misericórdia. Que se dará em quilos de arroz, feijão, massa, óleo, roupas, conserto de casas, abrigo para que se vivam os dias difíceis que estão se desenhando no horizonte.
Infelizmente, a proposta das igrejas cristãs está sendo contestada, especialmente naquilo que tem de mais propositiva: uma vida de fraternidade a partir da justiça e do amor (que não tem nada de novo, pois já foi alardeada por um jovem de Nazaré chamado Jesus, há dois mil anos!). O “escândalo” vem pelo convite: “comunidades de fé e pessoas de boa vontade para pensar, avaliar e identificar caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual”.
As mazelas sociais se acentuam no pós-pandemia. É preciso questionar a fome, a miséria, a violência, despertar as pessoas do torpor em que foram jogadas, um jeito de controlar mentes e corações. Alguns dizem: coisa de socialista, marxista, comunista… o que incomoda “religiosos” descontextualizados, que negam o ecumenismo e a presença social das igrejas. O contrário se chama conversão: palavras e gestos do Mestre, preocupado com a dignidade da pessoa e apontar horizontes onde o ser humano pode se encontrar no agir fraterno – um jeito divino de ser solidário!
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