Na semana passada o que era apenas cheiro ruim, escorregou e
se tornou público: a Federação Internacional de Futebol reconheceu o que sempre
se soube e nunca foi devidamente enfrentado, que há corrupção em seus quadros, assim
como nas Federações de alguns países, inclusive o Brasil, com ênfase na América
Latina e África.
O que movimentou incomodados foi que o atual presidente,
Joseph Blatter, depois de afirmar como “normal” o esquema de propinas para
figuras como João Havelange e Ricardo Teixeira (o primeiro foi presidente da
Federação Internacional e o segundo até recentemente da Nacional), ainda girou a
metralhadora contra europeus, sugerindo que a Alemanha comprou a oportunidade
de sediar a Copa do Mundo de Futebol.
Em sua defesa, foi adiante, dizendo que, mais do que
“normal”, o expediente de propina é corriqueiro nos dois continentes. Passou
quase uma semana e, pelo que vejo, ouço e leio, não houve nenhuma manifestação
mais contundente em contrário.
Sendo verdade, estamos todos no mesmo saco: somos corruptos
e corruptores. Verdade? Não. É impressionante como se joga na lama a honra de
pessoas que passaram a vida inteira trabalhando e, muitas vezes, no final,
recebem minguadas aposentadorias. Enquanto isto, quem consegue percorrer os
corredores do poder dá um jeito para que seus benefícios sejam permanentes,
invadindo máquinas públicas, esportivas etc.
A oportunidade é muito boa para separar o joio do trigo. A
imprensa internacional fala, inclusive, em favorecimentos comprados para a
transmissão por televisão da Copa do Mundo. Está aí um bom motivo para que
Judiciário e Legislativo entrem na briga para investigar o que realmente
aconteceu.
O que se passa no Brasil, todo mundo sabe e fecha os olhos
por conveniência. Inclusive, que tais organizações obrigam clubes e federações
estaduais a cumprir suas normas, acima das regras da legislação nacional. Este
é um momento para mostrar que a luta contra a corrupção no país pode ser
difícil, mas não é impossível, inclusive para transformar o futebol naquilo que
realmente é: um esporte para a alegria do povo e não um espaço onde máfias
realizam seus crimes.
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