Tenho muitas e boas lembranças do meu tempo de infância. Viemos de Canguçú diretamente para a Vila Silveira (em Pelotas/RS), de onde somente sai para o Seminário Diocesano, aos 11 anos, e onde fiquei por quase 12 anos. Depois, saí mais uma vez quando morei durante um ano em Porto Alegre.
Mas ainda lembro da vila como vila, mesmo: apenas o traçado de uma estrada, por onde passavam, especialmente, os trabalhadores que iam em direção a duas olarias. Moradores se revezavam em sediar os jogos de carta, única diversão de uma população que não tinha luz elétrica, água canalizada e saneamento básico.
Quebrei a perna direita duas vezes. No primeiro caso, foi mais simples: apenas gesso até o joelho. No entanto, na segunda vez, a fratura foi acima do joelho e, pela precariedade de então, o gesso saia do pé e chegava à cintura.
Para uma criança de 9 anos, era uma dura realidade. Isto se não fosse a criatividade de meu pai, junto com alguns vizinhos: criaram a bicicama - mistura de bicicleta (utilizando as duas rodas) e uma cama encaixada, com suportes para não cair.
"Motoristas" não faltavam e eu zunia de um extremo ao outro da rua, sempre com um bando de moleques que se divertiam com a novidade. Claro que não faltaram tombos, escoriações e reprimendas dos adultos.
Mas a gente viva intensamente aquele tempo. Embora a área fosse pobre, tínhamos "cuidadores" em cada uma das casas por onde passávamos. Foi-se o tempo, ficou a certeza de que, quem viveu aqueles momentos, não os esquece, mas apenas sorri quando lhe volta a lembrança.
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