Os ventos que sopraram na Revolução Francesa de 1789 chegaram ao Rio Grande do Sul em 1835, na Revolução Farroupilha. Os ideiais de "Liberdade, Fraternidade e Igualdade" motivaram muitos gaúchos que viam na sua defesa a salvação para um estado sufocado por um império que daqui apenas queria o pagamento de impostos, a prestação de serviços e os cuidados com as fronteiras.
Assim como em qualquer revolução, aqui também se estabeleceram dois tipos de homens: um que de fato vestia os princípios da democracia e lutava tendo em vista os ideais revolucionários; mas também havia aqueles que somente tinham como interesse lucrar, de alguma forma, obtendo a satisfação de seus interesses.
Desde então, todos os estados da federação nos vêem, até hoje, como diferentes. Na verdade, ser gaúcho passou a ser uma declaração de princípios. Não é à toa que, 50 anos atrás, quando Brizola se entrincheirou no Palácio Piratini, em Porto Alegre, defendendo a legalidade, teve contra si praticamente todo o país, que, três anos antes, já apoiava um golpe militar. A legalidade era, apenas, a defesa pelo cumprimento da lei.
Hoje, vejo uma diferenciação feita por "gaúchos que se vestem de gaúchos" e de "gaúchos que se fantasiam de gaúchos". O sentido não é pejorativo, mas distingue aqueles que ainda sonham com a realização dos três princípios - liberdade, fraternidade e igualdade - daqueles que vestem uma pilcha e tomam chimarrão por modismo.
Claro que somos diferentes. Em lugar nenhum do Mundo se canta o hino do Estado com maior vibração do que se canta o hino do país. Sendo assim, orgulhosos por sermos gaúchos, sabemos que estamos longe de realizar os ideais farroupilhas, mas, a cada 20 de setembro, para além de todas as representações, fica no ar o sentimento de que estamos em permanente revolução, na luta por um mundo mais justo. Talvez o gaúcho a cavalo, hoje, seja cada vez mais raro, mas permanece o sentimento de liberdade e de justiça que ceifou muitas vidas e que dá sentido a que, no horizonte das coxilhas, se plante uma renovada esperança.
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