Pode-se dizer que escrever é a arte da repetição. Não creio que alguém seja capaz de registrar algo absolutamente novo, mas, de alguma forma, o que formou nossa capacidade intelectual está enraizado na nossa própria história, especialmente com os exemplos recebidos. Já que “os discursos convencem, mas são os exemplos que arrastam”. Lembrei da expressão quando conversava a respeito de educação e voltava à mesma tecla: é construção conjunta da família, escola, poder público e a sociedade organizada.
Recentemente, li um texto de autor desconhecido: “ouvi minha mãe pedir sal aos vizinhos. Tínhamos sal em casa. Perguntei por que ela pedia. Respondeu: nossos vizinhos não têm dinheiro e muitas vezes pedem algo. Ocasionalmente, peço algo econômico, para sentirem que também precisamos deles. Dessa forma, estarão à vontade e será mais fácil continuar a pedir o que precisarem. Foi o que aprendi com a minha mãe: ensinava aos filhos empatia, humildade, solidariedade e valores que fazem falta no convívio social!”
Quando se critica a educação no Brasil, em todos os níveis, parece que se deseja algo utópico. No entanto, com a maior circulação de pessoas pelo Mundo, se conhece o que se passa na Espanha, por exemplo. Pode-se dizer que é sonho referenciar com um país do primeiro Mundo. É possível. Mas como já se paga impostos de primeiro Mundo (com autoridades, muitas vezes, com mentalidade de terceiro ou quarto) não custa cutucar de que o utópico não é o irrealizável, mas abafado pela incompetência e mal uso dos recursos.
Amigo que voltou daquele país ficou assustado com o baixo nível encontrado pela filha, já adaptada a um patamar de exigência maior. Na conversa, percebeu-se que o grau alcançado na alfabetização (numa outra língua) e conhecimentos iniciais (escrever, ler, funções básicas da matemática), eram semelhantes aos que já se teve, para quem frequentou a escola inicial na metade do século passado. Em tempos de discursos fáceis sobre educação, a verdade é que estão sucateando a possibilidade de futuro das nossas crianças...
As primícias da mãe da história: “empatia, humildade, solidariedade…” são valores referentes aos bons costumes na educação, na máxima de que “é de pequenino que se torce o pepino”. Educadores (inclui professores, profissionais da comunicação, políticos e funções que formam a opinião pública) não são apenas retransmissores de conteúdos, mas instigadores de padrões éticos. São aqueles que usam do “sal” e insistem, especialmente pelo exemplo, a se fazer o tempero ideal que dá gosto e sentido à vida do cidadão!
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