sexta-feira, 26 de julho de 2024

Jovens tardes de muitas lembranças…

Restou um violão encostado na parede.

Pelos lugares onde se viveu,

Há resquícios de risos, sorrisos,

Conversas altas e descontraídas,

Canções que grudaram na memória

E as noites em que dançar 

Era a magia da sedução possível...


Uma roda de música tinha 

A sonoridade do pandeiro, com

A batucada nas mesas, talheres 

Ou qualquer objeto que desse ritmo. 

Aquecer a voz envolvia a forma 

De partilhar trejeitos e olhares,

Que eletrizavam um momento... 

Era mais do que cantar,

A liturgia que se apossava do corpo inteiro. 


Éramos tão jovens e qualquer desculpa

Servia para que se ficasse juntos. 

Conhecíamos sonhos e aflições,

O jeito de ser de cada um,

Anseios e expectativas,

Partilhando o aconchego 

De viver em um lugar simples

Que podíamos chamar de lar.


Nossos horizontes apenas

Alcançavam as fronteiras da cidade.

Não havíamos ganhado o mundo,

Nos contentávamos com a rua,

A escola e, mais tarde, o trabalho, além 

Daqueles que precisávamos para aquecer

O sentido da nossa história. 


Muitas tardes de sábado, de domingo,

Noites de verão e de férias

Tinham o gosto da partilha.

Na casa de alguém,  no centro social, 

Na beira de um campo de futebol,

Nas esquinas e nas praças.

A atração fazia com que onde estivesse um,

Em pouco tempo, juntava-se uma galera...


Jovens tardes de muitas lembranças…

Um tempo de sonhos e esperanças. 

Hoje, as ausências doem mais quando 

As presenças se mostraram tão marcantes. 

"Eu me lembro com saudade o tempo que passou..."

Passou tão depressa que em nós deixou

A inspiração por todas as nossas memórias, 

Guardadas na mente e em cada coração…

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